MERCADO AGORA: Veja um resumo dos negócios até o momento

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São Paulo – Após chegar a cair mais de 7%, o Ibovespa reduziu as perdas acompanhando de perto o movimento das Bolsas norte-americanas, que passaram a subir há pouco. No entanto, os mercados seguem com forte volatilidade em função das preocupações trazidas pela pandemia do novo coronavírus e a Bolsa brasileira segue mostrando queda a superar a de outras Bolsas no exterior, já que as sinalizações dadas pelo Comitê de Política Monetária (Copom) ontem, que decidiu cortar os juros, não foram bem recebidas pelo mercado.

Por volta das 13h30 (horário de Brasília), o Ibovespa registrava queda de 2,40% aos 65.287,19 pontos. O volume financeiro do mercado era de aproximadamente R$ 14,0 bilhões. No mercado futuro, o contrato de Ibovespa com vencimento em abril de 2020 apresentava recuo de 4,12% aos 65.355 pontos.

“O somatório de vários fatores explica a queda maior do Ibovespa hoje, um deles é o fato de parecer que o Copom está um pouco perdido. Acredito que o Copom poderia ter cortado a Selic em 0,5 ponto percentual e ter sinalizado mais ou já ter cortado mais, mas ele não fez nenhuma das duas coisas. Ainda deu sinalizações que não fizeram muito sentido”, disse o sócio da RJI Gestão e Investimentos, Rafael Weber.

Para Weber, o Copom citou a necessidade de reformas, mas o cenário está complicado para ver o seu andamento no Congresso, em função da pandemia e da possível queda de popularidade do presidente Jair Bolsonaro, com panelaços contra ele ontem mostrando rejeição à reação do presidente ao avanço do coronavírus.

O avanço da pandemia também segue em curso no Brasil, com aumento de casos e mais medidas restritivas ao comércio em cidades como São Paulo. Até o momento, foram confirmados 428 casos de coronavírus, sendo que o número total de mortes chegou a quatro, embora uma nova morte tenha sido informada no Rio de Janeiro há pouco.

Volátil desde a abertura dos negócios, o dólar comercial opera em queda de mais de 1% no mercado à vista reagindo aos leilões do Banco Central (BC) e ao anúncio do banco central dos Estados Unidos de estabelecer uma linha de swap cambial com o Brasil em meio à forte demanda pela moeda norte-americana para proteção. O contrato futuro sobe em ajuste ao fechamento de ontem. Ambos operam acima do patamar de R$ 5,10.

Por volta das 13h30, o dólar comercial registrava queda de 0,90%, sendo negociado a R$ 5,1540 para venda. No mercado futuro, o contrato da moeda norte-americana apresentava avanço de 0,93%, cotado a R$ 5,155.

O economista da Guide Investimentos, Victor Beyrutti, reforça que o dólar segue pressionado no exterior com o DXY – índice do valor do dólar em relação a uma cesta de moedas estrangeiras – operando nas máximas em três anos acima de 101 pontos. O que reflete nas moedas de países emergentes que operam em queda ante o dólar por mais uma sessão.

Mais cedo, além dos leilões de linha e de dólares no mercado à vista com US$ 2,250 bilhões no tomado nas operações, o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) anunciou o estabelecimento de uma linha de swap cambial de até US$ 60 bilhões com o Banco Central do Brasil, além de acordos com mais oito países.

“Para aliviar a tensão do mercado. O Fed usou essas linhas de swap agressivamente em 2008 e 2009 [durante a crise global]”, comenta o economista-chefe da Necton Corretora, André Perfeito.

Os acordos de liquidez permanecerão em vigor por pelo menos seis meses, reforçou a autoridade monetária dos Estados Unidos em comunicado. “Quem tem dívida em dólar precisa se proteger da variação cambial e a forma mais barata é essa ferramenta do Fed com o BC”, acrescenta Beyrutti.

As taxas dos contratos de juros futuros (DIs) seguem em alta firme, porém, longe das máximas do dia e do limite de oscilação permitido. Os investidores reagem ao comunicado que acompanhou a decisão do Copom ontem, quando cortou a Selic em 0,50 ponto percentual (pp) e sinalizou uma interrupção no ciclo de cortes, mas a queda do dólar para abaixo de R$ 5,15 reduz o ímpeto da recolocação de prêmios.

Às 13h30, o DI para janeiro de 2021 tinha taxa de 4,175%, de 4,85% no limite máximo do dia e de 4,00% após o ajuste de ontem; o DI para janeiro de 2022 estava em 6,35%, de 6,91% no limite de oscilação diário e de 5,81% no ajuste ao final da sessão anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 7,57%, de 8,21% e 7,03%, respectivamente; enquanto o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 8,49%, de 9,25% e 8,02%, na mesma base de comparação.