Membros do Fed querem aperto monetário mais rápido em meio a riscos inflacionários

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O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell / Foto: Fed

São Paulo — Os membros do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) acreditam que as pressões inflacionárias persistem no país e que isso deve ditar um aperto na política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) no futuro. No entanto, há discordâncias entre o grupo se o mandato de emprego pleno já foi ou não atingido.
As informações são da ata da última reunião de política monetária do Fed, ocorrida entre os dias 14 e 15 de dezembro, quando o comitê determinou que a taxa básica de juros permanecesse na faixa entre zero e 0,25%, com a compra de ativos limitada a apenas US$ 60 bilhões, sendo US$ 40 bilhões em títulos do Tesouro e US$ 20 bilhões em hipotecas (uma redução de US$ 30 bilhões em relação ao mês anterior).
Segundo o documento, o comitê está disposto a acelerar a redução de compra de ativos do banco o máximo possível, prevendo que o auxílio seja completamente encerrado em março deste ano. Além disso, os membros também acreditam que elevação da taxa básica de juros deve ocorrer mais cedo do que o previsto, seguida de uma redução no balanço do Fed.
“Os participantes em geral observaram que, dadas suas perspectivas individuais para a economia, o mercado de trabalho e a inflação, pode ser necessário aumentar a taxa de fundos federais mais cedo ou em um ritmo mais rápido do que os participantes haviam previsto anteriormente”, afirma a ata.
A decisão dos membros foi refletida em suas previsões, divulgadas no mesmo dia em que a decisão de política monetária. Todos os membros do Fomc preveram um aumento de juros no país mais rápido do que antes, com a mediana das estimativas indicando três elevações em 2022. As previsões feitas em setembro mostravam apenas uma mudança na faixa do índice.
INFLAÇÃO
Os membros afirmaram que a inflação continua sendo um problema mais persistente do que antes previsto. Segundo eles, a escassez de mão de obra, a disrupção de cadeias de suprimento e possíveis consequências de novas variantes de coronavírus representam os maiores riscos para a pressão inflacionária.
Devido às fortes altas de preços, o Fomc concordou que o mandato de inflação a 2% já foi mais que atingido, com riscos de ser perdido caso as expectativas inflacionárias permaneçam altas por muito tempo.
EMPREGO
Sobre o mandato de emprego, no entanto, o grupo não chegou a um consenso. Segundo a maioria, o mercado de trabalho está apertado, com maiores salários para tentar reter funcionários. Para muitos, o número de população economicamente ativa ainda está baixa, com alguns apostando numa melhora do número em breve e outros acreditando que isso demorará a acontecer.
Por isso, alguns membros acreditam que o mandato de pleno emprego no país ainda precisa de mais algum tempo para ser cumprido. Eles, no entanto, acham que isso deve acontecer em breve se os crescimentos vistos continuarem. Mas outros membros defenderam que o objetivo já foi atingido.
APERTO MONETÁRIO
Com isso, muitos concordaram que o aperto monetário deveria ocorrer mais rápido do que o previsto. “Alguns participantes também observaram que poderia ser apropriado começar a reduzir o tamanho do balanço patrimonial do Fed relativamente logo após começar a aumentar a taxa de fundos federais”, afirma o documento.
Segundo a ata, parte dos membros julgaram que uma posição de política menos acomodatícia provavelmente se justificaria e que o Comitê deveria transmitir um forte compromisso para lidar com as pressões inflacionárias elevadas. Eles, no entanto, disseram que uma abordagem mais comedida nesse sentido também permitiria mais espaço para que o Fed reaja em diferentes cenários.
Por fim, o grupo reafirmou seu compromisso de usar todas as ferramentas disponíveis para alcançar os mandatos de inflação e emprego, destacando que continuariam a monitorar a situação e mudariam sua forma de abordagem se necessário.