Membros do BCE discutem redução de estímulos, mostra ata de junho

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A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde / Foto: BCE

São Paulo – Os membros do Banco Central Europeu (BCE) discutiram reduções de estímulos, mas confirmaram a postura acomodativa da política monetária, afirmando que a aceleração recente na inflação é temporária e que os preços deve desacelerar a partir do ano que vem, de acordo com a ata reunião realizada nos dias 9 e 10 de junho.

Os membros concordaram em “reconfirmar a postura de política monetária muito acomodatícia e de deixar a configuração da política monetária do BCE inalterada, incluindo a proposta de continuar as compras líquidas no âmbito do programa de compra de emergência pandêmica (PEPP, na sigla em inglês) ao longo do próximo trimestre a um ritmo significativamente maior do que durante os primeiros meses do ano”, diz a ata.

Segundo o documento, as perspectivas de médio prazo melhoraram e a expectativa é de crescimento econômico na zona do euro no segundo semestre com retirada de de medidas de contenção à covid-19, e assim os membros discutiram a redução nos estímulos.

“Tendo em vista as melhores perspectivas para o crescimento e a inflação e os riscos ascendentes associados, foi argumentado que, para proporcionar o mesmo grau de acomodação, as compras de ativos deveriam ser ligeiramente reduzidas”, de acordo com a ata.

Os membros alertaram, porém, para os riscos de um aperto prematuro nas condições de financiamento. “Embora pareça apropriado que a melhoria das perspectivas se reflita na orientação política do Conselho do BCE, as condições de financiamento foram avaliadas como muito frágeis para permitir uma redução significativa no ritmo de compras sem o risco de um aumento desordenado dos juros”.

Assim, os membros afirmaram que “um aperto indevido das condições de financiamento na atual conjuntura pode comprometer a recuperação econômica em curso e as perspectivas para a inflação. Uma desaceleração perceptível no ritmo de compras para o próximo trimestre foi, portanto, considerada inadequada na conjuntura atual”.

Para os membros, a recuperação da economia da zona do euro ainda está em um estágio inicial, sem robustez, e depende do apoio de políticas fiscais e monetárias, além de estar sujeita a incertezas e riscos significativos. Eles citaram preocupações com a propagação da variante delta de covid-19.

Os membros também consideraram que as taxas de juros baixas “ainda restringia o espaço disponível para a política monetária, o que exigia cautela em relação a um endurecimento da política monetária”. Eles também mostraram preocupação de que mudanças nas compras de ativos sem melhorias claras nas perspectivas de inflação levariam a um aperto injustificado de condições de financeiras.

INFLAÇÃO

Segundo a ata, apesar da melhoria das perspectivas econômicas, as projeções “ainda apontavam para a inflação abaixo da trajetória projetada pré-pandemia” e não mostraram uma convergência robusta para a meta “de perto, mas abaixo de 2%”.

“Neste ambiente, a política monetária deve olhar além da evolução temporária da inflação de curto prazo e concentrar-se nas perspectivas de médio prazo”.

Os membros destacaram que a taxa de inflação provavelmente aumentará mais no outono local, refletindo efeitos de base da reversão da redução temporária do imposto sobre valor agregado na Alemanha. “Espera-se que a inflação desacelere novamente no início do próximo ano, à medida que fatores temporários desapareciam”.

Por fim, o Conselho do BCE mostrou-se pronto para ajustar todos os seus instrumentos, conforme apropriado, “para garantir que a inflação caminhe em direção à sua meta de forma sustentada, em linha com o seu compromisso com a simetria”.