Magazine Luiza renova fôlego para crescimento com nova compra e follow-on

A rede já tinha posição de caixa confortável e já fez 21 aquisições em cerca de um ano e meio, estratégia que deve continuar

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Fachada de Loja do Magine Luiza

São Paulo, 15 de julho de 2021 – A rede Magazine Luiza deve manter uma estratégia de aquisições e seguir ampliando seu “market-share” dentro do setor varejista em meio ao anúncio de uma oferta de ações (follow-on), que pode pode levantar de R$ 3,439 a R$ 4,586 bilhões, e à compra do e-commerce KaBuM!, em uma operação que prevê o pagamento de R$ 1 bilhão à vista mais emissões de ações da companhia e bônus, podendo superar os R$ 3,5 bilhões no total.

Analistas apontam que se trata da maior aquisição da empresa, que já comprou 21 empresas dentro de um ano e meio e já tinha uma boa posição de caixa, mas, agora, tem o apetite renovado, o que deve continuar ainda impulsionando as suas ações.

“Numa crise, quem está mais fraco morre, quem está forte, aproveita. A Magazine Luiza fez um follow-on, já estava com muito caixa e tem aproveitado para fazer grandes aquisições. A companhia aproveita os recursos para comprar, formar, internalizar o ecossistema, ganhar capilaridade e força, de ponta a ponta, nesse mercado”, disse o diretor da Comdinheiro, Filipe Ferreira.

Os analistas da Levante Investimentos também destacaram que o Magazine Luiza é uma das poucas varejistas com posição confortável de caixa, o que leva crer que a necessidade de captação de recursos deve ser motivada principalmente por crescimento inorgânico, ou seja, aquisição de novas empresas, inclusive, aquisições maiores do que as que vinha fazendo.

“Esse movimento mostra a companhia se mexendo para manter sua taxa de crescimento superior à média do setor, bem como dos seus principais competidores”, destacaram ainda os analistas, em relatório.

A Levante lembra que seus concorrentes, como a Via (antiga Via Varejo), também estão fazendo compras, como de fintechs para expandir seu ecossistema, enquanto a B2W e as Lojas Americanas estão em processo de fusão para implementação de uma estratégia de mais semelhante ao que o Magazine Luiza vem fazendo.

Já o analista de investimentos da Top Gain, Sidney Lima, destaca que com a aquisição do KaBuM! a rede reafirma o seu posicionamento em relação à ampliação de seus negócios e à ampliação de portfólio, principalmente no setor de e-commerce e tecnologia, o que ajuda a ampliar ainda a sua fatia de mercado.

“Isso já vem sido sinalizado pela gestão da empresa há alguns meses, principalmente, em um cenário de pandemia, se adaptando ao novo estilo do consumo das pessoas. Tal movimento não é novidade para o mercado, tendo em vista as 21 recentes aquisições pela empresa”, disse.

Para Caio Kanaan Eboli, sócio e diretor operacional da mesa proprietária Axia Investing, o movimento reforça a tendência de alta para o papéis do Magazine Luiza, sustentado também pelo forte volume financeiro, acima da média de 21 dias, “comprovando uma entrada de bastante força compradora”, embora não descarte volatilidade no curto prazo, com alguns investidores embolsando lucros depois de altas recentes.

Hoje, os papéis (MGLU3) fecharam em alta de 3,22%, a R$ 23,67, na maior valorização do Ibovespa, depois de chegarem a subir mais de 6% perto da abertura do pregão. O volume movimentado pela ação foi de R$ 1,450 bilhão, ficando atrás somente dos volumes negociados pelas ações da Petrobras e da Vale.

Segundo o Magazine Luiza, os recursos captados com a oferta serão destinados para “investimentos em ativos de longo prazo”, com destaque para a expansão da logística, incluindo automação e novos centros de distribuição e cross dockings, além de investimentos em tecnologia, inovação e em aquisições estratégicas.

Mais cedo, a rede também anunciou que expandirá o número de lojas, que devem saltar de 1.140 lojas este ano para 1.680 em 2023, enquanto os centros de distribuição devem passar de 26 este ano para 33 até 2023. Também estão previstos os aumentos de unidades logísticas e “cross-docking”.

TECNOLOGIA E GAMES

Os analistas ainda destacaram o interesse do Magazine Luiza em comprar empresas ligadas à tecnologia e que gerem conteúdo e uma melhor experiência para o cliente no momento de compra. A aquisição do KaBuM! se soma às compras do Jovem Nerd e do CanalTech feitas recentemente.

O KaBuM! foi fundado em 2003 e é considerado um dos pioneiros no comércio eletrônico brasileiro em tecnologia e games, com mais de 2 milhões de clientes ativos e mais de 2 mil itens em estoque, como computadores, hardwares, produtos para o universo gamer e para casa. O site também atua em esportes eletrônicos, sendo responsável pela criação de uma das maiores equipes de League of Legends do país.

Em 2020, o site viu suas vendas crescerem 128% frente a 2019, enquanto nos primeiros cinco meses de 2021, elas cresceram 62% frente ao mesmo período de 2020. Nos últimos 12 meses, a receita bruta foi de R$ 3,4 bilhões e o lucro líquido de R$ 312 milhões.

Entre as sinergias previstas estão a previsão de que os produtos do KaBuM! sejam oferecidos no aplicativo do Magazine Luiza e que diversos produtos da rede varejista, como smartphones e TVs complementarão o sortimento do site. Os produtos financeiros do Magazine também serão oferecidos aos clientes do e-commerce.