Lula reitera pedido de redução da Selic e sugere que corte pelo Fed pode facilitar medida

283

São Paulo – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) renovou nesta quinta-feira seu apelo por uma redução da taxa de juros em uma entrevista à Rádio T do Paraná. Lula ressaltou que os pequenos e médios empresários, que enfrentam maiores dificuldades para acessar crédito externo, são os mais afetados pela atual taxa Selic. “Precisamos trazer a taxa de juro para um patamar razoável. É essencial criar condições que facilitem a circulação de dinheiro na mão do povo”, afirmou.

O presidente sublinhou que a economia deve ser regida pelo bom senso. “Economia não tem loucura, tem bom senso. Eu não quero que a inflação volte ao patamar de 80% ao mês, quando as pessoas tinham que correr para comprar o que não era perecível”, disse ele, enfatizando que uma inflação controlada, salários mais altos e empregos garantidos são essenciais para o sucesso da economia brasileira.

Lula também alertou sobre a dinâmica dos preços dos alimentos, mencionando que a produção excessiva combinada com baixo consumo pode levar a uma queda de preços. “Quando você produz demais e tem consumo de menos, o produto cai de preço. É sazonal. É preciso que as pessoas ajudem; se forem comprar tomate ou alface e virem que está caro, devem ajudar a não comprar aquilo para equilibrar o orçamento familiar”, aconselhou.

Ele reforçou a importância de alimentos acessíveis e vinculou isso ao aumento dos salários: “Temos consciência que é preciso ter o alimento barato, e isso significa que precisa aumentar o salário das pessoas.”

Além disso, Lula discutiu a relação entre a política monetária brasileira e a economia global. Ele indicou que uma redução na taxa de juros pelo Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) no próximo mês poderia facilitar a diminuição dos custos de empréstimos no Brasil. Ele reconheceu que a economia brasileira está pressionada pela inflação nos EUA e pelo câmbio atual entre real e dólar, reafirmando que busca manter a inflação baixa sem recorrer a “medidas drásticas”.

Sobre a situação política na Venezuela, Lula afirmou que “ainda” não reconhece Nicolás Maduro como presidente eleito após a eleição controversa. Ele voltou a dizer que não pode tomar uma decisão sobre a eleição (a qual tanto Maduro quanto a oposição afirmam terem vencido) até que autoridades venezuelanas apresentem as atas das seções eleitorais do país.

Ele sugeriu que um governo de coalizão ou novas eleições poderiam ser soluções para a crise. “Maduro tem seis meses de mandato ainda. Se ele tiver bom senso, poderia convocar novas eleições, com participação de observadores internacionais, e estabelecer um comitê eleitoral suprapartidário”, disse Lula. “O que eu não posso é ser precipitado e tomar uma decisão sem considerar todas as evidências.”