Lucro da Ambev cai 58,6% no 1º tri com perdas em operações financeiras

842
Foto divulgação: Ambev

São Paulo – O lucro líquido da Ambev caiu 58,6% no primeiro trimestre em relação ao mesmo período do ano anterior, a R$ 1,107 bilhão, pressionado essencialmente por perdas com operações financeiras, apesar de a empresa também ter registrado queda nas vendas.

Segundo a Ambev, o volume de vendas no primeiro trimestre caiu 5,5%, para 39,011 milhões de hectolitros, mas a receita líquida da companhia ficou praticamente estável, com diminuição de apenas 0,3%, a R$ 12,602 bilhões. A empresa, porém, alertou que deve ser afetada de forma significativa no segundo trimestre pelos efeitos econômicos da pandemia de covid-19.

“Esperamos que o impacto nos nossos resultados do segundo trimestre seja materialmente pior do que no primeiro trimestre”, disse a companhia. “Isso já é evidente em nossos volumes de abril de 2020, que caíram aproximadamente 27% em uma base consolidada”, afirmou, acrescentando que “esperamos um grande impacto em nossa rentabilidade.”

A Ambev afirmou que em março começou a sentir os efeitos da pandemia da covid-19 nas operações, com alterações no que a empresa chama de segmentos on-trade – essencialmente bares – e off-trade – mercados, por exemplo.

“Em mercados mais maduros com maiores níveis de renda e maior peso do canal off-trade, como o Canadá, a estocagem pelos consumidores resultou em aumento de volume no trimestre. Quando olhamos para países com mercados de cerveja de baixo/médio nível de maturidade e com menor renda disponível, a tendência de volume varia de acordo com o peso do canal off-trade”, acrescentou a companhia.

“Um importante elemento para o desempenho do volume é o nível de restrições impostas pelo governo sobre a circulação de pessoas e distribuição e vendas de bebidas alcoólicas. Em todos os mercados vimos um aumento relevante nas vendas do e-commerce”, afirmou a Ambev.

O que realmente pesou sobre os resultado do primeiro trimestre foram as perdas com operações financeiras, que dobraram, saindo de R$ 672,1 milhões no primeiro trimestre do ano passado para R$ 1,537 bilhão neste ano.

A maior parte deste valor (R$ 945,4 milhões) foi decorrente do efeito da queda no preço das ações da empresa e da desvalorização do real sobre derivativos usados em transações de equity swap – operação da Ambev com bancos para fixar o custo que terá com a compra de ações para seus programas de remuneração – e em hedge cambial – operações para proteger a empresa de variações na taxa de câmbio.

BRASIL

No mercado brasileiro, especificamente, a Ambev teve queda de 9,1% no volume de vendas, a 25,011 milhões de hectolitros, e redução de 9,6% na receita, para R$ 6,525 bilhões.

O ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) das operações no Brasil, excluindo itens não recorrentes, caiu 26,0%, a R$ 2,178 bilhões, e a margem ebitda ajustada recuou 7,4 pontos porcentuais, a 33,4%.

Nas vendas de cerveja, “o desempenho de volume foi impactado por uma indústria fraca e por um mix desfavorável, uma vez que o segmento premium, no qual temos menor participação de mercado, teve um desempenho consideravelmente melhor que a indústria total”, disse a Ambev.

“O surto de covid-19 resultou no fechamento da maior parte do canal on-trade a partir de meados de março, levando a uma redução no volume de 29,1% naquele mês”, acrescentou.