Livro Bege mostra que cadeia de suprimentos já sofre atraso por coronavírus

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Prédio do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) em Washington. Foto: Divulgação/ Federal Reserve

São Paulo – Embora tenha não tenha captado o corte emergencial de juros realizado ontem pelo Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), o Livro Bege mostrou sinais de que o surto do novo coronavírus já estava obstruindo a cadeia de suprimentos norte-americana no período anterior a 24 de fevereiro.

“Houve indicações de que o coronavírus estava afetando negativamente as viagens e o turismo. A indústria norte-americana se expandiu na maior parte do país; no entanto, alguns atrasos na cadeia de suprimentos foram relatados como resultado do coronavírus e vários distritos disseram que os produtores temiam mais interrupções nas próximas semanas”, afirma o Livro Bege.

O documento, que reúne as condições econômicas das 12 principais regiões dos Estados Unidos, apontou o novo coronavírus como fator de risco para as perspectivas de curto prazo. “As perspectivas para o curto prazo eram, principalmente, de crescimento modesto com o coronavírus e as próximas eleições presidenciais citadas como riscos potenciais”, diz do Livro Bege.

Além disso, o documento também mostrou impacto do surto sobre os preços que subiram em ritmo modesto no período avaliado.

“Algumas empresas, principalmente indústrias, estavam otimistas sobre a redução de preços dos produtos com a fase um do acordo comercial com a China, mas outras ainda sentiam o impacto das tarifas e estavam preocupadas com a forma como o coronavírus poderia afetar os preços. Os preços do petróleo e gás caíram em todo o país, o que foi amplamente atribuído à fraca demanda da China por causa do coronavírus”, afirma a nota.

Com relação à performance geral da economia norte-americana, o Livro Bege mostrou que no período anterior a 24 de fevereiro, a atividade se expandiu uma taxa entre modesta e moderada na maioria dos distritos pesquisados. Já os gastos do consumidor aumentaram, de maneira geral, mas o crescimento foi desigual em todo os Estados Unidos, incluindo relatos mistos de vendas de automóveis.

Já as empresas de serviços não financeiros dos Estados Unidos experimentaram um crescimento leve a moderado, ainda de acordo com o documento. Na maioria dos distritos, o crescimento dos empréstimos ficou estável e as vendas de residências aumentaram modestamente.

No mercado de trabalho, o emprego aumentou em um ritmo leve a moderado, em geral, com a contratação restrita devido ao nível de aquecimento. ” A mão de obra insuficiente reduziu o crescimento de muitas empresas e levou a atrasos nos projetos de construção. Vários empregadores mudaram de trabalhadores temporários para trabalhadores permanentes, a fim de atrair talentos, e as empresas fizeram esforços para reter trabalhadores, como manter os trabalhadores sazonais na equipe fora de temporada”, diz o Livro Bege.

Os salários, por sua vez, cresceram a uma taxa modesta a moderada na maioria dos distritos, semelhante ao período anterior. As empresas informaram que o mercado de trabalho aquecido e os aumentos de salário mínimo estavam pressionando as remunerações, ainda segundo o documento.

CORTE EMERGENCIAL DE JUROS

O Livro Bege avaliou as condições econômicas das 12 principais regiões dos Estados Unidos no período anterior a 24 de fevereiro, portanto, não captou os possíveis efeitos do corte emergencial da taxa de juros realizada ontem pelo Fed.

Duas semanas antes de sua reunião de política monetária, o banco central norte-americano, cortou os juros em 0,50 ponto percentual (pp), para a faixa entre 1,00% e 1,25% ao ano. Na ocasião, o presidente do Fed, Jerome Powell, disse que os fundamentos da economia estavam sólidos, mas o novo coronavírus representava riscos para a atividade econômica.

Até o momento, o número total de pessoas nos Estados Unidos com a doença chegou a 128, com nove mortes. No mundo, mais de 90 mil pessoas contraíram o vírus e mais de 3 mil morreram.