Licenciamento total de veículos cai 22,5% em março, segundo Anfavea

625
Foto: General Motors (GM)

São Paulo – O licenciamento total de veículos – que incluem automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus – caiu 22,5% em março, para 146.819 unidades, ante 189.389 no mesmo mês de 2021. Ante o mês anterior, o mesmo indicador teve alta de 10,9%, informou a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).
Já os licenciamentos de automóveis e comerciais leves recuaram 23,7% em março na comparação com o mesmo mês do ano passado, a 135.401 unidades. Ante fevereiro, houve crescimento de 9,8%. No acumulado do ano, os emplacamentos de leves somaram 375.494 de unidades, queda de 24,7% frente ao mesmo período de 2021.
Apesar de números abaixo do esperado no trimestre, a Anfavea manteve sua projeção para o ano, disse Luiz Carlos Moraes, presidente da entidade, que avalia que o Brasil enfrenta problemas global, citando países que também apresentaram queda nos licenciamentos, como Rússia, Itália, França, Japão, Estados Unidos, entre outros.
A Anfavea prevê produção total de 2,3 milhões de unidades em 2022, sendo 2,15 veículos leves, com melhoria no segundo trimestre. “O primeiro trimestre está um pouco abaixo do que prevíamos, mas ainda em linha, devido ao conflito na Ucrânia”, disse o presidente da Anfavea.
O dirigente citou dados da consultoria IHS Markit revisou o crescimento de 9,1% para 5,6% no mercado global de licenciamento de veículos, de 84,1 milhões, para 81,6 milhões de veículos leves produzidos em 2022.
Na avaliação da entidade, o aumento da taxa de juros no Brasil preocupa, pois tem impacto relevante no setor. Em janeiro, a taxa de juros ao consumidor estava em 27% ao ano. “Estamos preocupados com esse impacto, principalmente no segundo semestre. Entendemos a atuação do Banco Central, mas se a calibragem for muito forte, podemos ter um impacto negativo no fechamento do ano”, comentou Moraes.
De fevereiro a março, o número de unidades em estoque passou de 121,1 mil para 125,5 mil e, em dias, aumentou de 24 para 25 no período.
A venda de caminhões recuou 6,5% em relação ao mesmo mês do ano passado, com o emplacamento de 10.056 unidades e avanço de 24,3% ante fevereiro. No acumulado do ano, por sua vez, houve crescimento de 3,0%, a 26.852 caminhões.
No setor de ônibus, os emplacamentos avançaram 15,4% em base anual, a 1.362 unidades. Em relação a fevereiro, a venda de ônibus teve alta de 47,9%. No acumulado do ano, houve queda de 0,3% a 3.322 unidades.
O vice-presidente da Anfavea, Marco Saltini, disse que o segmento de caminhões foi puxado por veículos pesados. Já o de ônibus, que foi bastante afetado pela pandemia, está em recuperação, com início de trocas de frotas e programas para atendimento a escolas. “Em base trimestral, este foi o pior intervalo desde 2018 para o segmento de caminhões e ônibus”, comentou o executivo.
EXPORTAÇÃO
A receita com as exportações totais de veículos automotores e de máquinas agrícolas produzidas no Brasil somou US$ 845,164 milhões em março, alta de 24,8% ante o mesmo mês do ano passado. Na comparação com o mês anterior, houve aumento de 15,5%, segundo a Anfavea.
PRODUÇÃO
Em março, foram produzidos 168.834 unidades de veículos leves no Brasil, apontando uma baixa de 9,1% ante o mesmo mês de 2021. Na comparação mensal, houve aumento de 10,6%, de acordo com Anfavea.
Já a produção total de veículos – que inclui automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus – foi de 184.786 unidades em março, 7,8% abaixo do produzido em março de 2021 e 11,4% mais que em fevereiro.
No acumulado do ano, a produção total caiu 17,0% para 496.138 unidades, enquanto a produção de veículos leves nos três primeiros meses deste ano diminuiu 18,5% ante o mesmo trimestre de 2021, para 456.053 unidades.
EMPREGOS
A quantidade de postos de trabalho na indústria automotiva encolheu 2,8% em na comparação com março de 2021, para 101.760 posições. Na comparação com fevereiro, houve leve alta de 0,4%, informou a Anfavea. “Ainda mantemos o nível de emprego num patamar bom mesmo com todo o cenário macroeconômico desafiador”, disse o presidente da Anfavea.
VEÍCULO ELÉTRICO
A Anfavea também reiterou as projeções de alcançar 3,2 milhões de veículos elétricos no Brasil até 2035, e que para atender essa demanda seria necessário ter 154 mil pontos de carregamento, o que demandará um investimento de R$ 14 bilhões. Em 2020, haviam 10 mil veículos elétricos no país e mil pontos de recarga.
“A Anfavea criou um grupo de trabalho para definir quais seriam as rotas prioritárias para a instalação de estações de recarga rápida, buscar parcerias com redes de postos de abastecimento, concessionárias de rodovias e empresas de energia e identificar possíveis estímulos para o uso de veículos eletrificados (redução de impostos e taxas, por exemplo)”, comentou o presidente da entidade, Luiz Carlos Moraes, em sua última coletiva de imprensa à frente da entidade.
O executivo será substituído por Márcio Lima da Stellantis, eleito para um mandato de 2022 a 2025.