Lagarde vê recuperação a partir de junho e dificuldade ligada à apoio

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A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde / Foto: BCE

São Paulo – A presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, disse que a recuperação da eurozona deve ganhar tração a partir de junho deste ano, mas alertou que as autoridades públicas terão dificuldade em tirar a economia do apoio emergencial.

Atualmente, o BCE prevê uma expansão de cerca de 4% para a eurozona este ano, após uma contração de quase 7% em 2020. Segundo Lagarde, a projeção é válida se o apoio não for encerrado muito cedo – embora muito dependa do lançamento de vacinas contra a covid-19.

“Continuamos convencidos de que 2021 será um ano de recuperação”, disse ela em entrevista para o francês Le Journal du Dimanche. “A recuperação econômica foi atrasada, mas não descarrilou. As pessoas estão obviamente esperando impacientemente por isso”, acrescentou.

Lagarde expressou confiança na capacidade da eurozona de emergir da crise do novo coronavírus mais forte, com um futuro mais digital e mais verde. Ela também pediu aos governos que acelerem o trabalho em seus planos de gastos, para que a Comissão Europeia possa começar a emitir dívida conjunta.

A chefe do BCE descreveu o programa de compra de títulos de emergência de 1,85 trilhão de euros do banco central como apropriado em tamanho e razoável em duração, já que a previsão é até pelo menos março de 2022. “Agiremos enquanto a pandemia estiver causando uma situação de crise na eurozona”, afirmou.

Lagarde também alertou que “assim que a pandemia acabar e a crise econômica imediata ficar para trás, teremos uma situação complicada em nossas mãos”.

Não devemos “repetir os erros do passado, cortando o estímulo fiscal e monetário de uma vez”, disse ela, acrescentando que, em vez disso, as autoridades devem oferecer um apoio flexível que é reduzido gradualmente.

“As economias terão então que aprender a funcionar novamente sem a ajuda de nenhuma das medidas excepcionais que tiveram que ser introduzidas como resultado da crise”, afirmou. “Não estou preocupada com isso, porque a capacidade de recuperação é forte”, completou.