Lagarde reitera que alta de juros na zona do euro em 2022 é improvável

749
Lagarde BCE
A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde / Foto: BCE

São Paulo – A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, disse ser improvável que as condições por uma alta de juros na zona do euro sejam alcançadas no ano que vem, e reconheceu ser difícil prever quando as pressões inflacionárias vão diminuir, ainda que sejam transitórias.

“As condições para aumentar as taxas são muito improváveis serem satisfeitas no próximo ano”, disse Lagarde, no discurso de abertura do Congresso Bancário Europeu de Frankfurt.

“Mesmo após o fim esperado da emergência pandêmica, ainda será importante para a política monetária – incluindo a calibração adequada das compras de ativos – apoiar a recuperação e o retorno sustentável da inflação à nossa meta de 2%. Anunciaremos nossas intenções neste assunto em dezembro”, acrescentou.

Lagarde voltou a defender que a aceleração recente na inflação é transitória, na medida em que refletem preços altos de energia e disrupções entre oferta e demanda, entre outros fatores.

“É difícil prever exatamente quando os atuais motores da inflação diminuirão. A pandemia é uma situação sem precedentes”, reconheceu a presidente do BCE. “No entanto, continuamos confiantes de que as pressões inflacionárias diminuirão com o tempo”.

Ela disse que o BCE vê desvios negativos e positivos da meta de inflação de 2% como indesejáveis e para alcançar a meta de inflação de forma sustentável, é preciso persistência na política monetária. “Não devemos nos apressar em um aperto prematuro quando confrontados com choques de inflação passageiros ou impulsionados pela oferta”, afirmou.

Lagarde destacou que que o BCE se concentra no médio prazo, e não nos números da inflação atual, na medida em que política monetária afeta a economia com defasagem. “Portanto, quando se espera que a pressão inflacionária diminua – como é o caso hoje – não faz sentido reagir apertando a política. O aperto não afetaria a economia até que o choque já tivesse passado”.

Além disso, um choque de oferta na economia tende a elevar a inflação e reduzir a produção. “Nessa situação, a política monetária mais rígida apenas agravaria o efeito contracionista da economia”, afirmou Lagarde.

Por fim, ela disse que se o BCE for paciente e persistentes agora, as condições pela lata de juros serão atendidas, na medida em que o Produto Interno Bruto (PIB) deve atingir o nível pré-pandêmico antes do final deste ano e as expectativas de inflação estão crescendo em direção à meta, com projeções de alta nos salários.