Lagarde prevê que economia será severamente afetada por nova onda de covid-19

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A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde / Foto: BCE

São Paulo – A expectativa é de que a economia da zona do euro seja severamente afetada pela segunda onda de casos do novo coronavírus, em especial o setor de serviços, e o maior desafio será cobrir lacunas até que vacina esteja amplamente disponível, disse a presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde.

“Embora as últimas notícias sobre a vacina pareçam encorajadoras, o recente aumento nos casos do novo coronavírus (covidD-19) e a reimposição associada de uma série de medidas de contenção estão aumentando o nível já elevado de incerteza e representam um sério desafio para a zona do euro e da economia global”, disse Lagarde, em audiência na Comissão dos Assuntos Econômicos e Monetários (Econ) do Parlamento Europeu.

“De um modo geral, espera-se que a economia da zona do euro seja severamente afetada pelas consequências do rápido aumento das infecções e do restabelecimento das medidas de contenção, o que representa um claro risco de queda para as perspectivas econômicas de curto prazo”.

Segundo Lagarde, o setor de serviços também será o mais afetado na segunda onda de casos. “O ressurgimento das infecções por covid-19 está pesando sobre a atividade do setor de serviços em particular, que é especialmente vulnerável às medidas voluntárias e obrigatórias de distanciamento social introduzidas”, disse.

Assim, após recuperação parcial e desigual no terceiro trimestre, dados recentes “indicam que a atividade econômica da zona do euro perdeu impulso no quarto trimestre”, e com as projeções da equipe do BCE de dezembro será realizada uma reavaliação das perspectivas e do balanço de riscos.

“O principal desafio para os formuladores de políticas será preencher a lacuna até que a vacinação esteja bem avançada e a recuperação possa construir seu próprio impulso”, disse ela.

Lagarde repetiu que o Conselho do BCE irá recalibrar os seus instrumentos, conforme apropriado, e que “embora todas as opções estejam sobre a mesa”, o programa de compra de emergência pandêmica (PEPP, na sigla em inglês) e as operações direcionadas de refinanciamento de longo prazo (TLTROs, na sigla em inglês) podem ser ajustados.

“É provável que continuem sendo as principais ferramentas de ajuste de nossa política monetária”, disse. “Abordaremos a atual fase da crise com a mesma abordagem e determinação.”

Com relação aos preços, ela disse que a fraqueza da economia pesa na inflação, mas a fraca demanda, especialmente nos setores relacionados a turismo e viagens, e uma folga significativa nos mercados de trabalho e de produtos estão aumentando a pressão para baixo. “Nesse ambiente, esperamos que a inflação deva permanecer em território negativo até o início de 2021”.

Por fim, Lagarde reiterou que “é mais importante do que nunca que a política monetária e a política fiscal continuem trabalhando juntas”, e afirmou que o fundo de recuperação da União Europeia (UE) deve se tornar operacional “sem demora”.