Lagarde diz que pior da crise foi superado, mas alerta para recuperação

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A presidente do Banco Central Eropeu (BCE), Christine Lagarde / Foto: Adrian Petty/BCE

São Paulo – A presidente do Banco Central Europeu (BCE), disse acreditar que a pior fase da crise causada pelo novo coronavírus já passou, mas não descarta a possibilidade de uma segunda onda ainda pior. Ela também afirmou que a recuperação econômica será desigual e disruptiva.

“Provavelmente, passamos o pior ponto da crise, mas digo isso com alguma temeridade, já que uma segunda onda ainda pior pode acontecer, como ocorreu com a Gripe Espanhola”, afirmou ela durante evento transmitido on-line.

Para ela, o atual momento de estabilidade nos casos que é visto na Europa deve ser usado para a preparação para uma segunda onda, se ela vier.

“Já a recuperação será desigual, complicada e limitada”, disse Lagarde. “Ela irá ocorrer da mesma forma que o novo coronavírus agiu: aos poucos, do oriente ao ocidente, passando por cada país de uma vez”.

A presidente do BCE também destacou que a volta ao crescimento será cercada de incertezas. “Temos dificuldade de angariar dados, tanto pela situação de isolamento como também pela volatilidade deles”, disse ela.

“Muitos índices demonstram que a confiança no futuro está baixa, mesmo com a reabertura, e a poupança na Europa aumentou extraordinariamente, cerca de 136%, o que mostra que a população demorará a gastar”, afirmou Lagarde.

Ela, no entanto, alertou para não esperar um retorno à normalidade anterior à pandemia. “A recuperação será incompleta e transformadora. Indústrias como o turismo e o entretenimento terão que mudar por completo. Algumas deixarão de existir”, explicou.

Lagarde disse que o comércio será “extremamente reduzido” e, por isso, “a produtividade também será amplamente afetada”.

“Por isso, precisaremos prestar atenção aos países mais vulneráveis, que deverão sofrer mais. Já são 70 países pedindo empréstimos ao Fundo Monetário Internacional (FMI). Precisaremos cuidar dos mais pobres, dos mais jovens, que terão que crescer nesse ambiente desestruturado, e nas mulheres”, concluiu ela.