Itaú BBA vê metas operacionais abaixo do projetado pela Azul

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São Paulo – O Itaú BBA avaliou os resultados da Azul como mistos, em linha com as estimativas de seus analistas, mas disse que suas projeções para o ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) para este ano e 2023 estão 13%-14% abaixo das projeções anunciadas hoje pela companhia aérea.

“Apesar do aumento dos preços dos combustíveis e do nível ainda depreciado do Real, a Azul reafirmou seu guidance de ebitda de R$ 4 bilhões para 2022 (aumento de 2,5x versus 2021), que exclui despesas não recorrentes e é suportado por 26% e 21% maior de oferta, medida em Assentos-Quilômetros Oferecidos (ASK, na sigla em inglês) e receita operacional dividida pelo total de assentos-quilômetro oferecidos (RASK) versus 2021, respectivamente. Para 2023, a expectativa da Azul é de crescimento de 38% no ebitda, que deve chegar a R$ 5,5 bilhões. Nossas estimativas de ebitda estão 13%-14% abaixo da projeção da Azul para 2022 e 2023”, disseram os analistas, em relatório.

A análise aponta que os dados de tráfego divulgados anteriormente para o 1T22 deram o tom para os números divulgados hoje, com números operacionais em linha com as estimativas do Itaú BBA, embora o EBITDA não ajustado tenha ficado aquém, destacando a pressão de custos do aumento dos preços dos combustíveis e a escassez de mão de obra e demanda abaixo do ideal causada pela variante Omicron no início do ano.

A oferta (ASK) cresceu 26% em base anual, enquanto a demanda, medida em Passageiros-Quilômetros Pagos transportados (RPK) cresceu 33%, com ambos os números respectivamente 9% e 7% maiores em relação ao 1T19.

A taxa de ocupação aumentou 3,9 pp ao ano, para 80,4%, e os yields aumentaram 34%, resultando em um aumento de 78% na receita de passageiros. No entanto, em base trimestral, os impactos da Omicron no trimestre levaram a uma deterioração de todos esses números operacionais, resultando em uma queda de 16% na receita de passageiros no trimestre.

O custo operacional dividido pelo total de assentos-quilômetro oferecidos (CASK) aumentou 21% na comparação anual, mas praticamente estável no trimestre, devido ao aumento dos preços do combustível de aviação (aumento de 57% ante o 1T21), enquanto o CASK ex-combustível cresceu apenas 6% A/A.

Como resultado, o EBITDA atingiu R$ 593 milhões, quase 5x superior ao 1T21, gerando uma margem de 18,6% (aumento de 11,5 pp A/A). No entanto, ao considerar as despesas não recorrentes de R$ 221 milhões associadas à Omicron no trimestre, a margem EBITDA foi de 11,7%.

O relatório também destaca que os ganhos cambiais de R$ 3,3 bilhões impulsionaram o resultado (chegando em R$ 2,7 bilhões, vs. perdas líquidas no 4T21) e reduziram a dívida líquida para R$ 15,9 bilhões, de R$ 17,8 bilhões no 4T21. Aliado à melhora no EBITDA LTM, isso ajudou a relação dívida líquida/EBITDA a cair para 7,8x (vs. 11,2x em 2021). Por outro lado, a liquidez total caiu para R$ 6 bilhões, de R$ 7,2 bilhões no 4T21, devido a pagamentos substanciais de arrendamento no período.

Com isso, o Itaú BBA avaliou a ação preferencial e ADRs da companhia com classificação “market perform” e preços-alvo de R$ 32,50 e US$ 17, respectivamente.

No pregão desta segunda-feira, o papel da companhia aérea (AZUL4) fechou em queda de 5,19%, a R$ 18,62.