Inflação seguirá elevada nos Estados Unidos, diz diretora do Fed

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A diretora do Federal Reserve, Michelle Bowman / Foto: Fed

São Paulo – A inflação deve permanecer elevada por mais tempo do que se pensava inicialmente nos Estados Unidos e o mercado de trabalho pode encontrar obstáculos que impeçam uma recuperação mais acelerada, segundo a diretora do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Michelle Bowman.
Falando em evento virtual do Fed de Richmond, ele afirmou que a maior economia global atravessa um período de demanda aquecida, tanto no mercado de trabalho quanto entre consumidores e lembrou que os desequilíbrios na cadeia de abastecimento não podem ser resolvidos pela política monetária.
Na reunião de setembro, o Fed elevou sua previsão para a inflação neste ano e no próximo, passando o índice de preços para gastos pessoais (PCE, na sigla em inglês) de 3,4% para 4,2% em 2021 e de 2,1% para 2,2% em 2022. A meta do Fed é de inflação em 2,0% no longo prazo.
Sobre o mercado de trabalho, Bowman disse que os obstáculos que dificultam o trabalho de muitas mulheres combinados com um aumento nas aposentadorias, podem atrapalhar a recuperação do emprego e ser um obstáculo para a economia norte-americana.
Segundo ela, mulheres com filhos pequenos deixaram a força de trabalho a uma taxa mais elevada do que outros trabalhadores e algumas ainda estão lutando para encontrar creches que possam pagar. Além disso, muitos dos trabalhadores mais velhos que deixaram a força de trabalho durante a pandemia podem não retornar.
“A perda desses trabalhadores limitará a capacidade produtiva da economia e pode tornar mais difícil, ou mesmo impossível no curto prazo, o retorno ao alto nível de emprego alcançado antes da pandemia”, afirmou Bowman.
Para a taxa de desemprego, o Fed também passou a prever um percentual maior em seu último encontro de política monetária. A projeção para 2021 passou de 4,5% para 4,8% e foi mantida nos anos seguintes em 3,8% e 3,5%, respectivamente.
Bowman não comentou suas perspectivas para a política monetária, mas na última ata do Fed, divulgada semana passada, o banco central indicou que deve começar a reduzir as compras de US$ 120 bilhões mensais em ativos em meados de novembro ou dezembro e manter a taxa de juros perto de zero pelo menos até o final do ano que vem.