Inflação deve ficar elevada por alguns meses antes de moderar, diz Powell

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O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell / Foto: Fed

São Paulo — O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, afirmou que as pressões inflacionárias devem permanecer altas por mais algum tempo antes de abrandarem. Segundo ele, isso é consequência de dificuldades encontradas na reabertura, como o gargalo de entrega de suprimentos e mercadorias.
“A inflação está elevada e provavelmente permanecerá assim nos próximos meses antes de moderar. Como a economia continua a se reabrir e os gastos se recuperam, estamos vendo uma pressão de alta sobre os preços, principalmente devido a gargalos de oferta em alguns setores”, afirmou ele no discurso divulgado há pouco pelo site do Fed que deve ser dito amanhã em seu depoimento no Senado.
“Esses efeitos foram maiores e mais duradouros do que o previsto, mas diminuirão e, à medida que o fizerem, espera-se que a inflação volte a cair em direção à nossa meta de longo prazo de 2%”, explicou ele.
Segundo Powell, caso os membro dos Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) previssem uma aceleração contínua e demorada da inflação, eles utilizariam as ferramentas necessárias para seu controle, como o aumento das taxas básicas de juros, que no momento se encontram na faixa de zero e 0,25%.
Powell destacou que as condições no mercado de trabalho continuaram a melhorar no país. “A demanda por mão de obra é muito forte e os ganhos de emprego foram em média de 750 mil por mês nos últimos três meses. Em agosto, no entanto, os ganhos desaceleraram acentuadamente, com a desaceleração concentrada nos setores mais sensíveis à pandemia”, disse ele.
“A taxa de desemprego foi de 5,2% em agosto, e este número subestima a queda no emprego, especialmente porque a participação no mercado de trabalho não aumentou em relação às taxas baixas que prevaleceram na maior parte do ano passado”, afirmou o presidente do Fed. De acordo com ele, fatores relacionados à pandemia, como necessidades de cuidado e medo contínuo do vírus, parecem estar pesando no crescimento do emprego. Esses fatores devem diminuir com o progresso da contenção do vírus.
Powell destacou a economia continuou a se fortalece, com o Produto Interno Bruto (PIB) crescendo em um ritmo robusto no primeiro semestre do ano, sendo amplamente esperado que o crescimento continue em um ritmo forte no segundo semestre.
“Os setores mais afetados pela pandemia melhoraram nos últimos meses, mas o aumento dos casos de covid-19 retardou sua recuperação. Os gastos das famílias aumentaram em um ritmo especialmente rápido durante a primeira metade do ano, mas se estabilizaram em julho e agosto, à medida que os gastos diminuíram em setores sensíveis à pandemia. Além disso, em alguns setores, as restrições de oferta de curto prazo estão restringindo a atividade”, explicou.
O presidente do Fed destacou que a trajetória da economia continua dependendo do curso do vírus, e os riscos para as perspectivas permanecem. “A variante Delta gerou um aumento no número de casos, causando sofrimento humano significativo e retardando a recuperação econômica. O progresso contínuo nas vacinações ajudaria a apoiar um retorno a condições econômicas mais normais”, acrescentou.
Powell também reafirmou o compromisso do banco de fazer tudo ao seu alcance para manter a estabilidade de preços e o pleno emprego. “Nossas ações, tomadas em conjunto, ajudaram a desbloquear mais de US$ 2 trilhões de fundos para apoiar empresas grandes e pequenas, organizações sem fins lucrativos e governos estaduais e locais entre abril e dezembro de 2020”, disse ele.
Os programas de crédito do Fed foram aprovados em medida de emergência e a maioria foi financiada por fundos da Lei de Ajuda, Ajuda e Segurança Econômica Coronavirus (CARES). “Essas instalações forneceram um apoio essencial durante um ano muito difícil e agora estão fechadas”, disse Powell.
Segundo o líder do Fed, o banco foi capaz de encerrar a Linha de Crédito Corporativo do Mercado Secundário em 31 de agosto sem impacto adverso nas condições de crédito, assim como o Mecanismo de Liquidez do Programa de Proteção ao Cheque para novos empréstimos.
“Da mesma forma, estamos gerenciando o pagamento de ativos em nossas outras instalações da Lei CARES à medida que eles são encerrados ao longo do tempo. Continuamos analisando a eficácia das instalações e revisando as lições aprendidas”, explicou ele.