Indústria recua 1,3% em abril, abaixo do nível pré-pandemia, diz IBGE

347
derivados petroleo, petroleo, Petrobras,
Foto: Andre Motta de Souza/Petrobras

São Paulo – A produção industrial brasileira recuou 1,30% em abril em relação a março, caindo pelo terceiro mês consecutivo e ficando aquém da previsão de queda de 0,10%, conforme mediana das estimativas coletadas pelo Termômetro CMA.

Já na comparação anual, a produção industrial brasileira registrou o oitavo mês consecutivo de alta, avançando 34,70%, no maior avanço da série histórica, iniciado em 2002, nesse tipo de confronto. O resultado também veio abaixo da mediana das expectativas, de +37,25%, ainda conforme o Termômetro CMA. Com o resultado, a indústria nacional acumula alta de 1,1% em 12 meses até março e alta de 10,5% no acumulado do ano. A alta em 12 meses interrompeu 22 leituras seguidas em queda.

A abertura do dado mensal mostra que houve retração em 18 das 26 atividades pesquisadas, com recuo em duas das quatro grandes categorias. Segundo o gerente da pesquisa, André Macedo, o resultado negativo das atividades foi o maior desde abril de 2020.

“O crescimento da produção industrial já vinha mostrando um arrefecimento desde a segunda metade do ano passado. Com a entrada de 2021, o recrudescimento da pandemia e todos os efeitos que isso traz, o setor industrial mostrou uma diminuição muito evidente de seu ritmo de produção. Isso fica claro não só pelos resultados negativos, mas também pelo maior espalhamento desse ritmo de queda”, explica.

Entre as atividades pesquisadas, a principal influência negativa veio de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-9,5%), que voltou a cair após encerrar no mês anterior a sequência de cinco resultados negativos. Produtos alimentícios recuou 3,4% e eliminou o ganho de 3,3% acumulado entre janeiro e março deste ano. Ainda entre as influências negativas, destacaram-se as atividades de impressão e reprodução de gravações (-34,8%), de produtos de metal (-4,0%), de couro, artigos para viagem e calçados (-8,9%), confecção de artigos de vestuário e acessórios (-5,2%), móveis (-6,5%) e produtos têxteis (-5,4%).

Macedo ressalta que a indústria perdeu o ganho acumulado até janeiro, acima do patamar pré-pandemia de covid-19. “Em janeiro, tínhamos um saldo de 3,5% acima do patamar registrado em fevereiro de 2020, ou seja, antes da pandemia. Com os resultados de fevereiro, março e abril deste ano, o setor industrial está 1% abaixo daquele patamar”, diz.

Já os principais impactos positivos vieram das indústrias extrativas (+1,6%) – engatando o segundo mês de alta e acumulando ganhos de 7,4% -, máquinas e equipamentos (+2,6%) e veículos automotores, reboques e carrocerias (+1,4%), que interrompeu três meses de queda.

Entre as grandes categorias econômicas pesquisadas, ainda em relação a abril, os setores produtores de bens de capital e de bens de consumo duráveis registraram taxas positivas de +2,9% e de 1,6%, respectivamente. Bens de consumo semi e não-duráveis recuou (-0,9%) pelo terceiro mês seguido, enquanto os bens de consumo intermediários caíram 0,8%.

Já no confronto com igual mês do ano anterior, quando registrou a taxa mais elevada da série histórica, o IBGE reforça que o resultado positivo evidencia a baixa base de comparação, já que a indústria registrou tombo de 27,7% em abril de 2020 – o mais intenso da série histórica – influenciado pela paralisação de boa parte da indústria em meio às medidas de isolamento social por causa da pandemia.

“Em abril do ano passado, o setor industrial vinha mostrando perdas muito intensas por conta da necessidade de isolamento social, com plantas industriais fechadas ou praticamente paralisadas. Observamos que a base de comparação é muito depreciada”, pondera o gerente da pesquisa.

Na comparação anual, o setor industrial registrou resultados positivos em todas as quatro grandes categorias econômicas e em 23 dos 26 ramos pesquisados. O IBGE observa ainda que abril deste ano teve o mesmo número de dias úteis que o mesmo mês do ano anterior, totalizando 20 dias.

Entre as atividades, veículos automotores, reboques e carrocerias (+996,5%), máquinas e equipamentos (+94,3%), metalurgia (+54,5%), produtos de minerais não metálicos (+81,3%), produtos de borracha e de material plástico (+64,0%) e bebidas (+88,2%) exerceram as maiores influências positivas. Na outra ponta, destaque para a queda em produtos alimentícios (-9,1%).

Entre as quatro grandes categorias econômicas, bens de consumo duráveis e bens de capital registraram os maiores avanços, de 431,7% e de 124,9%, na mesma ordem. A categoria foi seguida por bens intermediários (+25,7%) e bens de consumo semi e não duráveis (+17,0%).