Ibovespa fecha em alta com exterior, mas perde 2,59% na semana

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Foto: Myles Davidson / freeimages.com

São Paulo – O Ibovespa encerrou o dia em alta, com um humor melhor que visto no início da semana, seguindo o movimento otimista em Nova York, após as declarações do presidente do Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano) de Dallas, Robert Kaplan, sinalizando que pode reavaliar a retirada de estímulos por conta da propagação da variante Delta.

Mas a semana foi de perdas para a bolsa brasileira e para os mercados globais com a desaceleração da economia chinesa, tensão no Afeganistão e preocupação com as economias mundiais por conta da disseminação da variante Delta. Por aqui, o ambiente político e o risco fiscal seguem incomodando os investidores. Na semana, o Ibovespa perdeu 2,59%.

O principal índice da B3 fechou em alta de 0,75%, aos 118.052,77 pontos. A mínima no intradiário foi de 116.040,34 pontos e a máxima, de 118.307,96 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em outubro aumentou 0,60%, aos 118.730 pontos. O giro financeiro foi de R$ 30,6 bilhões. Em Nova York as bolsas encerraram valorizadas.

Aldo Filho, analista da Aware Investments, comentou que as declarações de um dos dirigentes do Fed sugerindo que a autoridade monetária poderá manter inalterado o afrouxamento monetário por mais tempo devido à disseminação da variante Delta “impulsionou o Ibovespa, que acabou se recuperando das perdas da manhã e acompanhou as bolsas norte-americanas”.

O analista da Aware Investments também destacou o desempenho positivo da Vale (VALE3) e siderúrgicas com a recuperação do minério de ferro, após a desvalorização da véspera. “Os papéis do varejo e exportadores também contribuem para a melhora do índice”, concluiu.

Alexandre Brito, sócio da Finacap Investimentos, disse que nas semanas anteriores os investidores locais estavam atentos ao cenário mais macroeconômico com os bancos centrais sinalizando enxugamento de estímulos, no entanto, essa semana o principal foi o discurso do governo em relação ao teto de gastos.

“Os investidores estão de olho para ver até que ponto o teto de gastos vai ser respeitado. A ideia do governo parece ser de usar o orçamento público visando uma eleição e o mercado fica receoso”, enfatizou.

A fala de hoje de Kaplan também teve reflexos no mercado de câmbio, com o dólar comercial fechando a sessão em R$ 5,3850, com queda de 0,68%.

Para o economista-chefe da Infinity Asset, Jason Vieira, “houve uma leitura bastante equivocada sobre a ata da última reunião do Fed. Em momento nenhum eles citaram a possibilidade concreta de tapering [remoção de estímulos]. Não vi esse sinal hawkish [mais favorável ao aperto monetário] por parte do Fed, que ainda é uma instituição, em sua maioria, bem dovish [menos propensa ao aumento de juros e redução de estímulos]”.

Para o gestor de câmbio da Terra Investimentos, Vanei Nagem, “existe a pressão eterna devido a fatores como a covid-19, mas a maior pressão é a interna”. “O pacote fiscal, o presidente convocou uma manifestação nebulosa para o dia 7 de setembro e a alta inflação batendo forte na camada pobre faz com que o investidor avalie melhor se vale a pena investir no Brasil”, afirmou.

Segundo o analista da Top Gain, Leonardo Santana, “a desconfiança do mercado, o aumento dos casos da covid-19 e o tapering nos Estados Unidos fazem com que o dólar fique nesse patamar”.

No mercado de juros, as taxas dos contratos de juros futuros (DIs) fecharam em queda pela segunda sessão seguida em mais um dia no qual os investidores buscaram realizar lucros diante da discreta recuperação dos ativos de risco no exterior.

Com isso, o DI para janeiro de 2022 fechou com taxa de 6,70%, de 6,71% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 8,40%, de 8,46%; o DI para janeiro de 2025 ia a 9,56%, de 9,69% antes; e o DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 10,00%, de 10,13%, na mesma comparação. No mercado de câmbio, o dólar à vista operava em queda de 0,3%, cotado na faixa de R$ 5,40.

Já no exterior, Kaplan também ditou o ritmo das negociações. Os principais índices do mercado de ações norte-americano terminaram o dia em alta pela sinalização do chefe do Fed de Dallas sobre uma mudança de visão sobre a redução das compras de ativos. Na semana, no entanto, os índices amargaram perdas.

O Dow Jones subiu mais de 200 pontos, encerrando a sua primeira sessão em alta na semana. Já o Nasdaq avançou mais de 1%, com as ações de tecnologia fornecendo suporte ao mercado. Microsoft, Cisco e Salesforce estiveram entre as maiores vencedoras do Dow Jones, à medida que os investidores compravam papéis de tecnologia em meio a preocupações com a desaceleração da recuperação econômica.

Confira a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos no fechamento:

Dow Jones: +0,65%, 35.120,08 pontos

Nasdaq Composto: +1,19%, 14.714,70 pontos

S&P 500: +0,81%, 4.441,67 pontos