Forte demanda por bens junto a gargalos provoca inflação, diz Powell

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O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell. Foto: Divulgação/ Federal Reserve

São Paulo – O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, voltou a afirmar que o principal causador de pressões inflacionárias no momento são os gargalos e disrupções nas cadeias de suprimento. Segundo ele, o aumento da demanda em contrapartida a uma oferta prejudicada vem criando obstáculos para a economia.
Ele, no entanto, disse acreditar que tais fatores sejam transitórios, e indicou um progresso substancial na economia norte-americana nos últimos tempos, o que deve levar o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) a cortar a compra de títulos de US$ 120 bilhões mensais em breve. Sobre o aumento ode taxas, no entanto, Powell afirmou que os requisitos econômicos são mais exigentes e que só devem ser alcançados entre meio do ano que vem e 2023.
“A recuperação que vivemos é muito diferente de qualquer outra. Diferente do que ocorre normalmente, a demanda está muito alta mas a oferta não está dando conta devido a problemas na entrega e na produção de suprimentos”, afirmou ele durante painel sobre política monetária promovido pelo Banco Central Europeu (BCE). “Isso vem provocando a alta inflacionária que estamos vendo”.
Sobre isso, Powell explicou o entendimento do Fomc de que ela seja transitória. “Quando dizemos isso não estamos falando que rapidamente os preços irão cair. Estamos dizendo que a situação atual não irá impor um regime inflacionário de aumento de preços constante. Pelas nossas projeções isso não vai acontecer. Se achássemos isso, já teríamos agido com nossas ferramentas”, explicou.
De acordo com o presidente do Fed, a inflação deve se estabilizar no ano que vem. “A situação é desafiadora porque ao mesmo tempo que temos essa pressão inflacionária, o pleno emprego está bem para trás do desejado. Ou seja temos um desencontro de nossos mandatos”, explicou.
Ele, no entanto, destacou que as atitudes do banco durante a pandemia foram apropriadas. “Agindo em paralelo com as medidas fiscais e tudo foi muito necessário para dar apoio aos empregadores e funcionários do país. Acho que melhor do que fazer demais é fazer de menos”, afirmou.
Sobre um possível aperto da política monetária, Powell explicou que isso ainda deve ficar para o futuro. “Um aumento nas taxas precisa de maior progresso na economia e isso deve ocorrer só no meio de 2022 ou 2023”.
Por fim, o presidente do banco central norte-americano disse que, fora o curso do vírus, as maiores ameaças à estabilidade econômica atualmente são ataques cibernéticos a empresas, problemas estruturais no mercado de fundos e, mais à frente, as mudanças climáticas.