FMI alinha projeções para crescimento do Brasil às do mercado

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Por Gustavo Nicoletta

São Paulo – O Fundo Monetário Internacional (FMI) elevou a previsão de crescimento econômico do Brasil neste ano, mas reduziu a estimativa de alta do Produto Interno Bruto (PIB) no ano que vem, ressaltando que o país precisa avançar em reformas como a tributária e a da Previdência.

Segundo o FMI, a economia brasileira deve crescer 0,9% neste ano e 2,0% no próximo. A estimativa anterior, divulgada em julho, era de crescimento de 0,8% em 2019 e de 2,4% em 2020. As projeções apresentadas pelo órgão estão em linha com as estimativas coletadas pelo Banco Central junto ao mercado financeiro – de 0,87% e de 2,00%, respectivamente, segundo o mais recente boletim Focus.

“No Brasil, a reforma da Previdência é um passo essencial em direção a garantir a viabilidade do sistema de seguridade social e a sustentabilidade da dívida pública”, disse o órgão, sem entrar em detalhes sobre as medidas que considera mais urgentes neste âmbito.

Há duas propostas de reforma da Previdência tramitando no Congresso atualmente. A primeira, que institui idades mínimas para a aposentadoria, aumenta as alíquotas de contribuição e institui um cálculo menos favorável ao trabalhador para o valor das aposentadorias, está em fase final de discussão no Senado e virará lei se for aprovada no Senado num voto previsto para a semana que vem.

A outra proposta é complementar à primeira, e inclui mudanças que tem mais dificuldade de encontrar apoio político no Congresso – entre elas a inclusão de estados e municípios no novo sistema previdenciário e a instituição de novas cobranças para gerar receita à Previdência. Este texto ainda precisa passar pelo Senado e pela Câmara dos Deputados.

O FMI também disse em seu relatório que o Brasil precisará promover um ajuste adicional nas contas públicas para respeitar o limite de despesas nos próximos anos e que a política monetária precisa continuar acomodativa para amparar o crescimento da economia, desde que as expectativas de inflação continuem ancoradas.

Analistas acreditam que o Banco Central deve anunciar mais cortes na taxa básica de juros, a Selic, nos próximos meses em função do baixo nível de inflação e da lenta recuperação da economia – que sinaliza pouca pressão inflacionária no futuro, principalmente em função do elevado grau de desemprego e de ociosidade.

“Para impulsionar o crescimento, o governo precisa buscar uma agenda ambiciosa de reformas, incluindo a tributária, abertura comercial e investimentos em infraestrutura”, acrescentou o FMI.