Feriado de Carnaval faz mercados fecharem perto da estabilidade

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São Paulo – O Ibovespa fechou em leve queda depois de passar a maior parte do dia oscilando entre leves altas e baixas diante da expectativa com o resultado das movimentações em Brasília em torno da reforma administrativa e do auxílio emergencial, sustentado por alguns bons balanços trimestrais divulgados por empresas que compõem o índice. Entretanto, a cautela e a redução de liquidez que costumam anteceder feriados prolongados na bolsa de valores inibiram o fôlego do Ibovespa, que subiu 0,10%, para 119.428,72 pontos. Na semana, porém, a bolsa acumulou queda de 0,67%.

Em meio a comentários de que uma proposta de reforma administrativa virá a público depois do Carnaval, o primeiro vice-presidente da Câmara dos Deputados, Marcelo Ramos (PL-AM), afirmou hoje que a extensão do auxílio emergencial planejada pelos deputados terá valor entre R$ 200 e R$ 300 e duração de três a quatro meses.

Trata-se de um meio-termo entre as sugestões do presidente Jair Bolsonaro e do ministro da Economia, Paulo Guedes. Bolsonaro defende uma nova rodada do benefício no valor de R$ 250 mensais que comece a ser paga em março e tenha duração de quatro meses. Guedes, por sua vez, defende mais três parcelas de R$ 200, atendendo à metade dos 64 milhões de beneficiários que receberam ajuda no ano passado.

Aos agentes do mercado financeiro, interessa saber se a retomada do auxílio emergencial terá alguma contrapartida fiscal ou se colocará em risco o teto de gastos. Enquanto isso não se define, a palavra de ordem no curto prazo dos mercados financeiros é cautela.

Na avaliação de Pedro Galdi, analista da Mirae Asset, o índice segue sob a influência da “desconfiança do estouro do teto da dívida”. Segundo Stefany Oliveira, analista da Toro Investimentos, quem segurou o Ibovespa foram as empresas que divulgaram balanços.

Para além, o ambiente de negócios foi dominado pela cautela, pela baixa liquidez e por alguma realização de lucros em Wall Street depois de os principais índices norte-americanos de ações terem renovado níveis recordes em pregões recentes.

Apesar do adiamento oficial do Carnaval, os negócios na B3 ficarão parados até o início da tarde de quarta-feira. Enquanto as bolsas asiáticas também permanecerão fechadas por causa de um feriado, o de ano novo lunar, os principais mercados financeiros da Europa ficarão abertos nos próximos dias. Já a bolsa de Nova York fechará apenas na segunda-feira.

O dólar comercial fechou em queda de 0,22% no mercado à vista, cotado a R$ 5,3740 para venda, em dia de forte volatilidade operando sem direção definida na maior parte da sessão, calibrando o movimento externo em meio à liquidez reduzida com a ausência da China nos mercados, enquanto aqui, investidores se preparavam para o feriado prolongado de carnaval que fechará a bolsa brasileira (B3) até quarta-feira à tarde. As declarações de parlamentares sobre o auxílio emergencial corroboraram com a oscilação da moeda. Na semana, a moeda recuou 0,19%.

O gerente da mesa de câmbio da Correparti, Guilherme Esquelbek, ressalta que a volatilidade da moeda ficou em torno das incertezas sobre o auxílio emergencial entre o governo e o Congresso, o que levou a moeda a ficar acima de R$ 5,40. “Depois, o dólar passou a cair com as vendas de exportadores, em meio ao movimento de antecipação de operações devido ao feriado prolongado”, comenta.

Ele acrescenta que as declarações dos presidentes da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, e do Senado, Rodrigo Pacheco, junto ao ministro da Economia, Paulo Guedes, sem muitos detalhes sobre o pagamento do auxílio emergencial deixaram a divisa norte-americana sem rumo único ao longo da tarde.

Lira e Pacheco se encontraram no fim da manhã com Guedes para discutirem sobre a agenda de reformas e a nova rodada do benefício emergencial. Em linha com o que o presidente Jair Bolsonaro havia declarado na véspera, Pacheco e o vice-presidente da Câmara, deputado Marcelo Ramos (PL-AM), adiantaram que as parcelas deverão ser pagas de março a maio, podendo ser de R$ 200 ou R$ 300.

Na semana que vem, encurtada com o feriado doméstico, a analista da Toro Investimentos, Stefany Oliveira, aposta que a quarta-feira, na volta dos negócios, deve ser marcada por reajuste, alinhando-se ao movimento externo. “Apesar do feriado nos Estados Unidos na segunda, nosso mercado ficará muito exposto nos próximos dias. Na quinta-feira, porém, acredito que possa reagir a alguns indicadores lá de fora”, diz.

Na agenda, os destaques são as prévias de fevereiro dos dados de atividade da Europa e dos Estados Unidos, além da leitura revisada do Produto Interno Bruto (PIB) do quarto trimestre de 2020 na zona do euro. As notícias em torno das negociações do novo pacote de estímulo fiscal norte-americano, da reforma administrativa e da nova rodada do auxílio emergencial deverão seguir no radar do mercado.

As taxas dos contratos de juros futuros (DIs) encerraram em alta, mantendo a trajetória exibida desde a abertura do pregão, com os investidores elevando a cautela e reduzindo a exposição ao risco nesta véspera da pausa prolongada pelo carnaval e por feriados nos Estados Unidos e na China, o que enxugou a liquidez dos negócios. A expectativa é de que as lideranças políticas aproveitem o período de folia para definir as regras da nova rodada do auxílio emergencial.

Ao final da sessão regular, o DI para janeiro de 2022 ficou com taxa de 3,36%, de 3,34% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 terminou projetando taxa de 4,960%, de 4,875% após o ajuste ontem; o DI para janeiro de 2025 encerrou em 6,52%, de 6,43%; e o DI para janeiro de 2027 ficou com taxa de 7,19%, de 7,12%, na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações norte-americano terminaram a semana em tom positivo, ao renovarem recordes apoiados no otimismo com o pacote de estímulos e resultados corporativos que surpreenderam Wall Street.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos principais índices de ações dos Estados Unidos no fechamento:

Dow Jones: +0,09%, 31.458,40 pontos

Nasdaq Composto: +0,50%, 14.095,50 pontos

S&P 500: +0,47%, 3.934,83 pontos