Fed diz que vulnerabilidade do setor financeiro deve aumentar no curto prazo

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Prédio do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) em Washington. Foto: Divulgação/ Federal Reserve

São Paulo – As vulnerabilidades do setor financeiro norte-americano devem se ampliar significativamente no curto prazo diante da crise provocada pela pandemia do novo coronavírus mesmo com as reformas regulatórias adotadas desde 2008, afetando o preço de ativos, os empréstimos para empresas e famílias, a alavancagem e os riscos de financiamento, de acordo com o relatório de estabilidade financeira do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano).

“As tensões nos balanços patrimoniais e comerciais decorrentes dos choques econômico e financeiro desde março provavelmente criarão fragilidades que duram algum tempo. Instituições financeiras – incluindo o setor bancário, que possuía grandes reservas de capital e liquidez antes do choque podem sofrer tensões como resultado”, diz o Fed.

No relatório, o banco central norte-americano diz que os ativos permanecem vulneráveis a quedas significativas de preços caso a pandemia do novo coronavírus siga um curso inesperado, as consequências econômicas se mostrem mais adversas ou as tensões do sistema financeiro ressurjam.

“Os preços dos ativos têm sido voláteis em muitos mercados. Desde sua baixa no final de março e no início de abril, os preços dos ativos mais arriscados aumentaram e os spreads diminuíram nos principais mercados”, afirma.

Com relação aos empréstimos por empresas e famílias, o Fed afirma que o declínio geral nas receitas associado à severa redução da atividade econômica enfraqueceu a capacidade das empresas de pagar suas dívidas, enquanto uma deterioração da capacidade de algumas famílias de pagar dívidas pode resultar em perdas materiais para os credores.

O relatório mostra ainda que, até o momento, os bancos norte-americano conseguiram atender à crescente demanda por linhas de crédito e também criaram reservas para perdas com empréstimos para absorver os padrões mais altos esperados.

“No geral, a perspectiva de perdas nas instituições financeiras para criar pressões no médio prazo parece elevada”, diz.

O Fed ressalta ainda que os mercados de financiamento se mostraram menos frágeis do que durante a crise financeira de 2007 a 2009, mas lembra que surgiram tensões significativas que forçaram ações emergenciais do banco central norte-americano para estabilizar os mercados de financiamento de curto prazo.

“As perspectivas para a atividade pandêmica e econômica são incertas. No curto prazo, os riscos associados à pandemia e seu efeito nas economias dos Estados Unidos e do mundo permanecem alto. Além disso, existe o potencial de tensões interagirem com vulnerabilidades preexistentes decorrentes de fraquezas do sistema financeiro ou fiscais na Europa, China e economias emergentes”, acrescenta.