Febraban revisa projeção de expansão da carteira de crédito de 8% para 10% em 2021

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Foto: Afonso Lima / freeimages.com

São Paulo – A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) melhorou sua projeção de alta da carteira total de crédito para 2021 para 10,3%, de 8,2% em maio, na comparação com 2020, segundo pesquisa feita pela entidade com os bancos associados, devido ao atual ritmo de expansão da carteira, de 16,1%, e da projeção feita pelo Banco Central, de alta de 11,1%, o que sugere espaço para futuras revisões de crescimento, disse a entidade.

Para 2021, a maior revisão ocorreu na carteira direcionada, que deverá crescer 8,2%, ante expansão projetada em 5,2% no levantamento anterior. Na carteira livre, a projeção passou de 10,1% para 11,2%, com alta no desempenho esperado para a carteira pessoa jurídica (de alta de 9,6% para 10,4%) e para a carteira pessoa física (de aumento de 10,3% para 12,6%).

“A revisão da carteira direcionada reflete a incorporação dos novos estímulos para o crédito, como a reedição do Pronampe, agora como linha permanente, o forte desempenho do crédito imobiliário e a demanda aquecida por crédito rural. Na carteira livre, as revisões positivas decorrem da perspectiva de uma recuperação mais sustentável da economia no segundo semestre, impulsionados pela maior flexibilização das medidas de distanciamento e pelo avanço da vacinação no país”, disse Rubens Sardenberg, diretor da entidade, em nota.

Para 46,7% dos participantes da pesquisa, o ritmo de expansão da carteira pessoa jurídica deve seguir desacelerando, em função da redução dos programas públicos de crédito, do mercado de capitais aquecido e da capitalização das empresas, devido a expressiva tomada de crédito no período inicial da crise, diminuindo a necessidade de novos aportes. Para outros 40%, o crescimento da atividade econômica deve compensar parte destes fatores.

2022

Para 2022, as projeções para a carteira total indicam expansão de 7,7%, ante 6,9% na pesquisa anterior, puxada tanto pela carteira com recursos livres (+9,2% ante +8,5%) quanto pela carteira direcionada (+5,1% ante +4,0%).

Em relação à expectativa para a taxa de inadimplência da carteira livre, o levantamento atual mostrou ligeira melhora em relação ao anterior. Para 2021, a nova projeção recuou 0,1 ponto percentual, de 3,6% para 3,5%, enquanto a taxa esperada para 2022 ficou estável em 3,7%. Em ambos os casos, as projeções seguem abaixo do patamar pré-pandemia, quando a taxa rodava em torno dos 4,0%, sinalizando que, apesar da alta esperada, a elevação da inadimplência não deve ser tão significativa, informou a entidade.

OUTRAS PROJEÇÕES

Segundo a pesquisa, a grande maioria dos entrevistados (94,1%) espera que o Produto Interno Bruto (PIB) cresça 5,0% ou mais neste ano devido à aceleração da vacinação, a retomada do setor de serviços e ao cenário internacional favorável, entre outros fatores.

Em relação à taxa Selic, 94,1% dos entrevistados responderam que o ajuste feito pelo Copom na última reunião, de 3,5% para 4,25% ao ano, foi adequado, e todos os participantes esperam que a Selic seja elevada para 6,5% ao ano ou acima deste patamar no atual ciclo de ajuste, e a 64,7% entende que deve ser suficiente o Copom levar a Selic para o nível da taxa neutra para conter a inflação.

Neste sentido, a trajetória esperada pela média das projeções coletadas aponta para mais três altas de 0,75 pontos percentuais da Selic nas reuniões de agosto, setembro e outubro, quando encerraria o atual ciclo de alta em 6,50% ao ano.

Em relação à inflação, a maioria (76,5%) dos entrevistados já vê uma contaminação da atual pressão inflacionária sobre o IPCA de 2022. Para 58,8%, o impacto atual deve ser modesto, levando o índice para um patamar um pouco acima da meta, enquanto 17,6% veem o choque como muito intenso, sendo necessário elevar a Selic para um patamar maior do que o até então sinalizado para levar a inflação para próximo do centro da meta.