Falha em vacina para coronavírus faz Bolsa cair e dólar subir

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São Paulo – O Ibovespa fechou em queda de 0,55%, aos 80.742,35 pontos, passando a cair no fim do pregão acompanhando a piora das Bolsas norte-americanas, que reagiram à notícia de que a vacina contra o novo coronavírus estudada pela empresa Moderna pode ter falhas. Mais cedo, o índice tinha chegado a subir mais de 1% com a confirmação de que a B3 ficará aberta nos próximos dias, apesar da antecipação de feriados na cidade de São Paulo. O volume total negociado foi de R$ 24,7 bilhões.

Os índices fecharam em queda nos Estados Unidos depois que uma notícia do site especializado em saúde “Stat News” levantou preocupações sobre os resultados do estudo da Moderna para uma potencial vacina contra a covid-19. Ontem, a companhia havia anunciado dados positivos na primeira fase de testes, o que ajudou Bolsas em todo o mundo a fecharem com fortes altas.

Antes da notícia sobre a vacina, Wall Street operava com variações modestas, sem grandes novidades nas declarações dadas pelo presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, que reiterou que mais medidas podem ser tomadas para apoiar a economia.

No Brasil, o destaque foi a indefinição, em boa parte do dia, sobre o funcionamento do pregão nos próximos dias. Durante à tarde, a B3 confirmou que as suas atividades funcionarão em horário normal amanhã e nos dias 21, 22 e 25 de maio, o que fez o Ibovespa acelerar ganhos.

A decisão da prefeitura de São Paulo de antecipar o feriado de Corpus Christi para amanhã e o da Consciência Negra para quinta-feira, com o intuito de aumentar o isolamento social, havia trazido dúvidas entre agentes do mercado sobre o funcionamento da Bolsa e receio sobre efeitos negativos sobre os negócios.

“O índice estava pressionado com essa indefinição. O investidor, principalmente o gringo, precisava de um comunicado oficial [da B3]. A volatilidade implícita também tem se mantido muito alta”, disse o diretor de operações da Mirae Asset Corretora, Pablo Spyer.

Spyer lembra que o cenário político local também segue ajudando a manter alguma volatilidade. Segue a incerteza se o vídeo ministerial indicado pelo ex-ministro Sergio Moro como prova de que o presidente Jair Bolsonaro interferiu na Polícia Federal (PF) irá ser divulgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). A previsão é que o STF decida sobre isso até sexta-feira.

Amanhã, o destaque na agenda é a ata da última reunião do Fed, que pode reforçar a possibilidade de serem necessárias novas medidas para ajudar a economia. O banco central chinês também anuncia a sua decisão de política monetária. Além disso, analistas afirmam que a cena política deve continuar no radar, podendo manter a volatilidade além de notícias sobre a pandemia.

O dólar comercial fechou em alta de 0,62% no mercado à vista, cotado a R$ 5,7610 para venda, depois de forte oscilação ao longo do pregão digerindo o impasse doméstico em relação ao feriado prolongado em São Paulo e o funcionamento da B3. No fim dos negócios, a moeda acelerou os ganhos acompanhando o exterior em meio à notícia sobre falhas na vacina testada em humanos para o novo coronavírus.

“A confirmação por parte da B3 que irá funcionar normalmente nos feriados antecipados, levou o dólar a trabalhar perto da estabilidade, porém, perto do fechamento voltou a subir com notícias sobre dúvidas da vacina contra a covid-19”, comenta o gerente de mesa de câmbio da Correparti, Guilherme Esquelbek.

Uma notícia da “Stat News” levantou preocupações sobre os resultados do estudo da empresa Moderna para uma potencial vacina contra a covid-19. Ontem, o estudo provocou euforia nos mercados. Após a notícia, o Dollar Index reduziu o ímpeto de queda, que exibiu ao longo do pregão, enquanto moedas de países emergentes desaceleraram os ganhos ante o dólar.

Ao longo da sessão, enquanto investidores aguardavam a definição da B3 quanto ao funcionamento entre amanhã e segunda-feira diante do “feriadão” na cidade de São Paulo, “importadores e tesourarias de bancos” aproveitaram a taxa de câmbio abaixo de R$ 5,70, reforça Esquelbek.

“A moeda virou e atingiu máximas consecutivas até chegar a R$ 5,76, atraindo o Banco Central [BC], que agiu rapidamente e injetou US$ 500 milhões em swap cambial [equivalente à venda de dólares no mercado futuro], devolvendo os ganhos”, explica.

Amanhã, com a agenda de indicadores mais fraca, os destaques ficam para a divulgação da ata da última reunião do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) e para a decisão de política monetária da China. “Pode fazer preço na abertura [dos negócios] a depender da decisão”, comenta a estrategista de câmbio do banco Ourinvest, Cristiane Quartaroli.

Ela acrescenta que a tendência de volatilidade e apesar de a reabertura das economias animarem os mercados, a oscilação virá em decorrência de dados ruins dessas mesmas economias durante o período de paralisação das atividades. “Mesmo que já se esperava uma forte retração da atividade nesses países, ao ver o número, o mercado tem outra reação”, comenta.