EUA concluem retirada de militares do Afeganistão e encerram guerra mais longa de sua história

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Foto: Casa Branca

São Paulo – A guerra do Afeganistão acabou hoje, após 20 anos de ocupação dos Estados Unidos e seus aliados. O anúncio foi feito pelo chefe do Comando Central dos Estados Unidos, o general Kenneth McKenzie Jr, ao indicar que os últimos militares norte-americanos deixaram o país hoje. No total, segundo ele, 123 mil pessoas foram retiradas do país na operação de evacuação que estava prevista para ser finalizada amanhã.

“Não retiramos todo mundo que gostaríamos. Essa era uma decisão difícil porque mesmo que ficássemos mais um dia ou mais dez dias, não seria possível retirar todo mundo”, disse ele em coletiva no Pentágono. “Mas isso não significa que a nossa saída era a última chance para essas pessoas deixarem o Afeganistão”, acrescentou.

Mais cedo, o Pentágono informou que forças dos Estados Unidos evacuaram 1,2 mil pessoas de Cabul em 26 voos de aeronaves militares de carga em 24 horas. Agora, McKenzie atualizou os números é disse que mais de 123 mil pessoas deixaram o país, sendo 5,5 mil norte-americanos.

“Enquanto a evacuação militar é concluída, a missão diplomática para garantir que mais cidadãos dos Estados Unidos e afegãos elegíveis que desejam partir continua”, afirmou McKenzie.

No sábado, o Pentágono disse que havia iniciado seu processo retrógrado como é conhecida a retirada de membros do serviço militar norte-americano. O porta-voz do Pentágono, John Kirby, afirmou que menos de 5 mil militares permaneciam no Afeganistão, acrescentando que os Estados Unidos não forneceriam mais um número exato devido às condições de segurança.

Há duas semanas, o Talibã assumiu o controle do Afeganistão ao entrar na capital Cabul. Um acordo feito entre as forças estrangeiras e o movimento previa que a operação de evacuação dos estrangeiros do país terminasse amanhã. Havia muita especulação sobre uma possível extensão desse prazo, mas os ataques com homens-bomba da semana passada fizeram as autoridades norte-americanas e europeias recalcularem a rota e acelerarem o processo de saída.

McKenzie confirmou hoje que as ameaças à operação de retirada continuavam e que a decisão de concluí-la hoje foi bem avaliada. “As ameaças do Estado Islâmico eram muito reais. Não estávamos sendo desafiados pelo Talibã, mas sim pelo Estado Islâmico”, disse o general. “Nos ataques do final de semana acabamos com a capacidade de ataques iminentes, mas ameaças eram elevadas”, acrescentou.

Ontem, o governo norte-americano informou que seus militares lançaram um ataque com drones visando supostos homens-bomba perto do aeroporto de Cabul. O ataque com os drones foi o segundo após a explosão que matou 13 militares norte-americanos e mais de 200 civis afegãos no Aeroporto Internacional Hamid Karzai na semana passada.