Espaço para gasto novo é muito reduzido ou zero, diz Funchal

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O então secretário do Tesouro, Bruno Funchal (dir), e o ex-assessor Jurídico da Secretaria Especial de Fazenda, Filipe Barros. (Foto: Geraldo Magela / Agência Senado)

São Paulo – O governo federal está fazendo um esforço sem precedentes para captar recursos no mercado de dívida e isso é um indício de que haveria pouco ou nenhum espaço para aumentar as despesas públicas, afirmou o secretário do Tesouro, Bruno Funchal.

“O volume médio de emissão de títulos públicos era de R$ 60 bilhões por mês. Nos últimos meses ficou em torno de R$ 150 bilhões, R$ 170 bilhões, é muito alto”, disse ele durante audiência com uma comissão mista do Congresso. “Isso mostra que nosso espaço para aumentar qualquer despesa é muito muito reduzido, se não zero. Tem que ter muito cuidado para discutir próximas políticas. O esforço feito esse ano foi muito significativo”, acrescentou.

Funchal ressaltou que houve um encurtamento no prazo de vencimento da dívida brasileira, mas que por enquanto o custo médio da dívida está “nos menores níveis históricos”, algo que tende a ser temporário e, por isso, requer um esforço para diminuir o nível de endividamento.

“A gente não pode pensar em rodar uma economia como a gente está, com dívida em 100% do PIB, com juros aumentando”, disse ele, acrescentando que é preciso “pelo menos voltar para nível de endividamento que tínhamos antes, em torno de 70% do PIB”.

“Hoje a gente tem característica de aumento de endividamento, isso é ponto de atenção. Tem que voltar a reduzir volume de dívida e sempre tentar alongar, sempre olhando as condições de mercado”, disse Funchal. “É importante olhar ações que tragam credibilidade, para manter juros baixos e a gente conseguir avançar com reformas”, afirmou.