Em discurso histórico, primeiro-ministro britânico se despede da União Europeia

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Por Carolina Gama

São Paulo – O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, se despediu da União Europeia (UE) com um discurso à nação na qual afirmou que uma nova era estava começando para o Reino Unido, com a retomada da soberania e da capacidade de tomar suas próprias decisões.

“Hoje, estamos deixando a União Europeia. Para muitos, este é um momento de esperança ao qual não acreditavam ser possível. Meu trabalho como primeiro-ministro é unir todo o país”, disse.

“Esse não é um fim, mas um começo. Poderemos usar nossos novos poderes e resgatar nossa soberania para definir questões como imigração, portos e fechar acordos de livre-comércio que beneficiam os britânicos”, acrescentou.

Johnson destacou o caráter democrático do processo de separação, que acaba com 47 anos de filiação ao bloco europeu. “A UE trilhou um caminho nesses 50 anos que não interessa mais a esse país e isso foi confirmado pelo povo britânico por meio das urnas”, afirmou.

O premiê britânico classificou o momento como o início de uma nova era. “Esse é o amanhecer de uma nova era na qual não aceitaremos mais que a vida dos britânicos dependa da parte do país em que nasceu”, disse.

Johnson encerrou o discurso prometendo melhorar saúde, educação e infraestrutura no Reino Unido. Ele também disse que segue empenhado em combater as mudanças climáticas.

“Estamos empenhados em estabelecer uma nova parceria com a UE e sermos protagonistas no cenário global. Tenho certeza de que teremos sucesso”, completou.

O Reino Unido começa agora um processo de transição que deve durar até o final do ano. Nesse período, os britânicos não participam mais das decisões da UE, mas ainda estão sujeitos a algumas regras do bloco. Espera-se que nesses 11 meses, Londres consiga determinar as bases da futura relação com o bloco, o que inclui a questão comercial.

Especialistas consultados pela Agência CMA indicaram que o Reino Unido deve firmar um acordo em fases com a União Europeia. Segundo os especialistas, este ano devem ser firmados os parâmetros para o comércio de bens e, nos próximos, um tratado abrangendo circulação de pessoas, acesso ao mercado e comercialização de serviços.