Economia dos EUA cresce, mas esbarra em gargalos de oferta, diz Fed

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São Paulo – A economia norte-americana segue se fortalecendo, mas essa recuperação tende a esbarrar nos gargalos de oferta. O Livro Bege, relatório econômico sobre as 12 principais regiões dos Estados Unidos, mostrou que as perspectivas para a demanda são positivas, mas há pessimismo sobre o abastecimento.

“A economia dos Estados Unidos se fortaleceu ainda mais do final de maio ao início de julho, apresentando um crescimento moderado a robusto”, disse o documento do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano). “As perspectivas para a demanda melhoraram ainda mais, mas muitos contatos expressaram incerteza ou pessimismo quanto à redução das restrições de oferta”, acrescenta.

Segundo o Livro Bege, os setores que relataram crescimento acima da média incluem transporte, viagens e turismo, manufatura e serviços não financeiros, enquanto, os mercados de energia melhoraram ligeiramente e a agricultura teve resultados mistos.

“As interrupções do lado da oferta tornaram-se mais generalizadas, incluindo escassez de materiais e mão de obra, atrasos nas entregas e baixos estoques de muitos bens de consumo. Os estoques de carros resultaram em vendas um pouco mais baixas, apesar da demanda estável, e as vendas de casas aumentaram ligeiramente, apesar da oferta limitada. As vendas de varejo excluindo veículos cresceram em um ritmo moderado, e o turismo foi impulsionado pela redução adicional das preocupações relacionadas à pandemia”, diz o relatório.

O documento mostra ainda que a construção residencial abrandou em vários distritos em resposta ao aumento dos custos, enquanto a construção comercial foi mista, mas no geral subiu ligeiramente. Já a atividade de empréstimos bancários avançou entre ligeiramente e modestamente na maioria das regiões.

EMPREGO

A economia norte-americana assiste ao aumento da demanda por trabalhadores em meio ao processo de reabertura, que também tem provocado a disparada de preços, segundo o Livro Bege.

O documento, que avaliou o período compreendido entre o final de maio e o início de julho, mostra que 75% das regiões relataram ganhos de emprego leves ou modestos e as 25% restantes reportaram aumentos moderados ou fortes no emprego.

“A demanda de trabalho saudável era ampla, mas era vista como a mais forte para os cargos de baixa qualificação. Os salários aumentaram em um ritmo moderado, em média, e os trabalhadores de baixa remuneração desfrutaram de aumentos salariais acima da média”, diz.

O relatório chama atenção para os relatos frequentes de escassez de mão de obra, razão pela qual as empresas não conseguiam pessoal nos níveis desejados, com empresas em três regiões atrasando a expansão ou reduzindo os serviços devido à falta de trabalhadores.

Rotatividade superior à média e taxas de retenção mais baixas foram relatadas em três distritos. “Todos os distritos notaram um aumento do uso de incentivos em dinheiro não salariais para atrair e reter trabalhadores. As empresas em vários distritos esperavam que a dificuldade em encontrar trabalhadores se estendesse até o início do outono”, diz.

INFLAÇÃO

Os preços aumentaram a um ritmo acima da média, segundo o Livro Bege, com sete distritos reportando uma forte elevação dos preços e o restante, avanços moderados.

“As pressões sobre os preços foram generalizadas e tornaram-se mais agudas no setor de hospitalidade, à medida que a reabertura de hotéis e restaurantes enfrentou suprimentos limitados de materiais e trabalhadores”, diz.

Segundo o documento, no setor de construção, os custos permaneceram altos, mas os preços da madeira diminuíram.

“Embora alguns contatos considerem que as pressões de preços são transitórias, a maioria espera aumentos adicionais nos custos de insumos e nos preços de venda nos próximos meses”, diz.