Economia da zona do euro crescerá mais rapidamente este ano, prevê BCE

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Sede do Banco Central Europeu (BCE), em Frankfurt. Foto: Divulgação/ BCE

São Paulo – O Banco Central Europeu (BCE) revisou para cima sua projeção de alta de Produto Interno Bruto (PIB) para este ano, para 4,0%, ante projeção de avanço de 3,9% divulgada em dezembro, disse a presidente da instituição, Christine Lagarde, em coletiva de imprensa.

Para 2022, o BCE revisou para baixo sua projeção, de 4,2% para 4,1%, e espera crescimento econômico de 2,1% em 2023. Segundo Lagarde, os riscos permanecem inclinados para o lado negativo no curto prazo e tornaram-se mais equilibrados no médio prazo.

“As taxas persistentemente altas de infecção pelo novo coronavírus (covid-19), a disseminação de mutações do vírus e a extensão associada e o reforço das medidas de contenção estão pesando sobre a atividade econômica da zona do euro no curto prazo”, disse ela.

Por outro lado, “são animadoras as melhores perspectivas para a demanda global, amparadas pelos consideráveis estímulos fiscais, e os avanços nas campanhas de vacinação”, o que juntamente com o relaxamento gradual previsto das medidas de contenção sustentam a expectativa de uma recuperação firme em 2021.

Lagarde disse ainda estimativas apontam para uma queda de 6,6% no Produto Interno Bruto (PIB) real da eurozona em 2020, e dos dados apontam para contínua fraqueza. “O PIB real deverá contrair novamente no primeiro trimestre do ano”, disse.

“A evolução económica continua a ser desigual entre os países e setores, com o setor dos serviços a ser mais adversamente afetado pelas restrições à interação social e mobilidade do que o setor industrial, que se recupera mais rapidamente”.

Além disso, os consumidores permanecem cautelosos à luz da pandemia e seu impacto sobre o emprego e a renda, enquanto balanços corporativos mais fracos e elevada incerteza sobre as perspectivas econômicas ainda pesam sobre o investimento empresarial.

Por fim, Lagarde repetiu que uma orientação orçamental ambiciosa e coordenada continua a ser crítica, elogiando o pacote de recuperação da União Europeia (UE) e apelando que o apoio das políticas fiscais nacionais continue. As medidas fiscais devem “permanecer temporárias e direcionadas” para abordar as vulnerabilidades de forma eficaz e apoiar uma recuperação rápida, concluiu.

INFLAÇÃO

Com relação aos preços, o BCE elevou para 1,5% sua previsão para a inflação na eurozona este ano, ante projeção de 1,0% divulgada em dezembro, e revisou de 1,1% para 1,2% para o ano que vem. Para 2013, o banco prevê inflação em 1,4%.

“A inflação acelerou nos últimos meses principalmente devido a alguns fatores transitórios e aumento da inflação dos preços da energia. Ao mesmo tempo, as pressões subjacentes sobre os preços permanecem moderadas, no contexto de fraca demanda e hiato significativo nos mercados de trabalho e produtos”, disse Lagarde.

Segundo ela, embora o BCE preveja um aumento gradual das pressões do núcleo da inflação, as projeções no médio prazo permanecem praticamente inalteradas e “abaixo da nossa meta de inflação” de próximo, mas abaixo de 2%.

Os preços ao consumidor da eurozona aumentaram 0,9% em janeiro e fevereiro, ante a queda de 0,3% de dezembro, refletindo o fim da redução temporária da taxa de imposto sobre valor agregado na Alemanha, atrasos nos períodos de vendas em alguns países da zona do euro e alta nos preços da energia, entre outros fatores.

Segundo Lagarde, com base nos atuais preços dos futuros do petróleo, a inflação deve acelerar nos próximos meses, com constrangimentos da oferta e a recuperação da demanda interna elevando os preços. Por outro lado, as pressões de preços devem permanecer moderadas no geral, devido a salários baixo e à apreciação anterior do euro.

“Uma vez que o impacto da pandemia diminua, a reversão do alto nível de folga, apoiada por políticas fiscais e monetárias acomodatícias, contribuirá para um aumento gradual da inflação no médio prazo”, disse Lagarde.

“As medidas baseadas em inquéritos e os indicadores baseados no mercado das expectativas de inflação a mais longo prazo permanecem em níveis moderados, embora os indicadores baseados no mercado tenham continuado a aumentar gradualmente”, concluiu.