Democratas iniciam tentativa de impeachment de Donald Trump

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O ex-presidente norte-americano, Donald Trump, caminha nos corredores da Casa Branca acompanhado da ex-primeira-dama Melania / Foto: Casa Branca

São Paulo — Os democratas do Congresso norte-americano iniciam hoje sua tentativa de impeachment do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, com o argumento de que o mandatário representa uma ameaça à estabilidade democrática do país depois dos acontecimentos da semana passada, quando seus partidários invadiram o Capitólio em Washington, D.C.

A presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, muitos de seus colegas democratas e uma parcela de republicanos dizem que Trump não é confiável para cumprir seu mandato, que termina em 20 de janeiro.

“Ao proteger nossa Constituição e nossa democracia, agiremos com urgência, porque este presidente representa uma ameaça iminente para ambos”, escreveu Pelosi a colegas democratas na Câmara ontem.

Quando a Câmara se reunir às 11h de hoje, os legisladores apresentarão uma resolução pedindo ao vice-presidente norte-americano, Mike Pence, que invoque a nunca usada 25 Emenda da Constituição dos Estados Unidos, que permite ao vice-presidente e ao Gabinete destituir um presidente considerado impróprio para o trabalho. Uma votação registrada é esperada amanhã.

Pence estava no Capitol junto com sua família quando os apoiadores de Trump atacaram, e ele e Trump não estão se falando. Mas os republicanos mostraram pouco interesse em invocar a 25 Emenda, e o gabinete de Pence não se pronunciou sobre o assunto.

Caso Pence não concore, Pelosi disse que a Câmara poderia votar pelo impeachment de Trump por uma única acusação de insurreição. Essa votação pode ocorrer até o final da semana.

Os legisladores que redigiram a acusação de impeachment dizem que conseguiram o apoio de pelo menos 200 dos 222 democratas da Câmara, indicando grandes chances de aprovação. Biden até agora não opinou sobre o impeachment, dizendo que é um assunto para o Congresso.

Mesmo se a Câmara acusar Trump pela segunda vez, o Senado não aceitará as acusações até 19 de janeiro, no mínimo, o último dia completo de Trump no cargo.

Um julgamento de impeachment amarraria o Senado durante as primeiras semanas de Biden no cargo, impedindo o novo presidente de instalar secretários de gabinete e agir com base em prioridades como o auxílio ao coronavírus.

Alguns democratas sugerem que o Senado poderia evitar esse problema esperando meses para enviar a acusação de impeachment à casa.

Trump já teria partido, mas uma condenação o impediria de concorrer à presidência novamente em 2024, e uma votação também forçaria os republicanos a defender seu comportamento publicamente.

Várias empresas americanas proeminentes, incluindoa Marriott International Inc e JPMorgan Chase & Co, disseram que suspenderão as doações para quase 150 republicanos que votaram contra a certificação da vitória de Biden, e mais estão considerando essa medida.

Washington permanece em alerta máximo antes da posse de Biden. O evento tradicionalmente atrai centenas de milhares de visitantes para a cidade, mas foi reduzido drasticamente por causa da pandemia de covid-19.

O líder democrata no Senado Chuck Schumer, que se tornará o líder da maioria depois que Biden e a vice-presidente eleita Kamala Harris tomarem posse junto dos dois novos senadores democratas da Geórgia, disse ontem que a ameaça de grupos extremistas violentos continua alta.

INVASÃO DO CONGRESSO

O ataque ao Capitólio ocorreu logo após um comício de Trump, quando o preside3nte pediu que seus apoiadores marchassem até o Congresso do país, que naquele momento realizava a certificação da vitória eleitoral do presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden.

A invasão não só dispersou os legisladores e interrompeu o processo de certificação como também ameaçou a integridade física dos líderes na linha de sucessão para o cargo presidencial, como o vice-presidente do país, Mike Pence, e a presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, Nancy Pelosi. O ataque deixou cinco mortos e vários feridos.

A violência veio depois que Trump pediu aos apoiadores que marchassem até o Capitólio em um comício onde ele repetiu falsas alegações de que sua retumbante derrota nas eleições era ilegítima. A presidente da Câmara dos Deputados, Nancy Pelosi,

Dezenas de pessoas que atacaram policiais, roubaram computadores e quebraram janelas no Capitólio foram presas por sua atuação, e as autoridades abriram 25 investigações de terrorismo doméstico.

Trump reconheceu que um novo governo tomaria posse em 20 de janeiro em um vídeo após o ataque, mas não apareceu em público. O Twitter e o Facebook suspenderam suas contas, citando o risco de ele incitar a violência.