Daly do Fed alerta contra alta de juro preventiva para conter inflação

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A presidente da unidade do Federal Reserve de São Francisco, Mary Daly / Foto: Fed

São Paulo – O Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) não deve elevar juros de forma preventiva para conter a inflação, na medida em que existem custos para trabalhadores e a economia, disse a presidente da unidade do Fed de São Francisco, Mary Daly.

“A ação preventiva não é gratuita. Como todos os seguros, existem custos. E os formuladores de políticas devem equilibrar esses custos com o risco de espera”, disse Daly, em texto preparado para discurso ontem, destacando que a política monetária é uma ferramenta contundente que atua com uma defasagem.

Desta forma, aumentar as taxas de juros hoje pouco faria para aumentar a produção, consertar as cadeias de abastecimento ou impedir que os consumidores gastem mais em bens do que em serviços, mas isso reduziria a demanda em 12 a 18 meses a partir de agora, disse ela.

“Se as atuais leituras de alta inflação e escassez de trabalhadores se revelarem relacionadas à covid-19 e transitórias, taxas de juros mais altas freariam o crescimento, desacelerariam a recuperação do mercado de trabalho e afastariam desnecessariamente milhões de trabalhadores”, afirmou.

Assim, ela disse preferir esperar para obter maior clareza, ressaltando que o Fed está bem posicionado para agir caso a inflação comece a parecer mais persistente, e que é muito mais difícil desfazer uma ação preventiva que acaba sendo errada.

“Diante de uma incerteza sem precedentes, a melhor política é reconhecer a necessidade de esperar. Embora isso possa ser difícil, no final, paciência é a ação mais corajosa que podemos tomar”, disse ela, que é membro votante do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês).

“Quando tivermos um sinal mais claro, estaremos prontos para agir, continuando a fornecer ou remover o apoio conforme necessário para garantir que a economia se estabilize em um local sustentável”.