Crise hidrológica pode impactar ganhos das elétricas, dizem analistas

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São Paulo – Analistas apostam que um possível racionamento de energia pode impactar negativamente os resultados das companhias do setor elétrico que atuam em distribuição de energia e consideram que, embora as ações das elétricas venham sendo penalizadas devido à crise gerada pela maior redução dos níveis dos reservatórios da hidrelétricas dos últimos 91 anos, ainda há oportunidades no setor.
A XP mantém a visão de que o risco de ocorrer um racionamento está crescendo, mas não este ano, e aponta que as empresas de distribuição de energia sentiriam um impacto negativo de 18% no curto prazo, mas nenhum impacto sobre seus valores, no caso de um possível corte obrigatório de 20% nos contratos das geradoras no quarto trimestre.
Entre as empresas de sua cobertura, a Equatorial, Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), Energias do Brasil (EDP) e Companhia Paranaense de Energia (Copel) teriam perdas de 14,3%, 8,3%, 6,8% e 4,5% no ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) do próximo intervalo, segundo a
análise.
“No caso de um corte obrigatório, embora estimemos que as empresas teriam um impacto negativo no resultado de curto prazo em torno de -18%, elas podem solicitar à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) o reequilíbrio econômico-financeiro da concessão. Desta forma, acreditamos que um racionamento de energia desencadearia em um reequilíbrio do contrato de concessão e, como vimos em 2020 com a Conta-Covid, as distribuidoras estariam protegidas”, avaliam o analistas da XP, em relatório.
Para as geradoras, um racionamento de energia pode resultar em um impacto positivo ou negativo para os resultados, considerando o nível de risco hidrológico (GSF), preços de energia de curto-prazo (PLD), a configuração da matriz de geração da companhia e o nível de contratação do portfólio da companhia, segundo a análise.
Já em transmissão, a análise considera que não há impacto, já que as transmissoras têm contratos de receita fixa, com base na disponibilidade da linha (geralmente maior que 98%), e a receita é corrigida pela inflação. Portanto, não há relação com consumo ou geração de energia.
O Credit Suisse espera que a crise hidrológica continue pressionando os preços da energia para cima e o GSF para baixo, pelo menos até a próxima estação chuvosa, e possa gerar oportunidades com novos leilões que o governo está planejando em diversos segmentos, ainda em 2021.
“No segmento de distribuição, ainda vemos a demanda de energia crescendo em ritmo forte, mesmo em um cenário de tarifas mais altas, mas com algumas incertezas para aumentos tarifários de 2022. De qualquer forma, as oportunidades de crescimento ainda devem ser relevantes”, apontam os analistas do CS.
Eles apontam que o baixo desempenho do setor já precificou os fatores negativos atuais (hidrologia, regulação, juros mais altos) e esperam que isso possa ser revertido, caso as empresas do setor elétrico apresentem resultados operacionais sólidos no terceiro trimestre, pagamentos extraordinários de dividendos, proteção de margens e uma menor percepção de risco regulatório.