Cresce receio de instituições financeiras com risco fiscal e exterior

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Imagem: Shutterstock

São Paulo – As instituições financeiras continuam enxergando a inadimplência e a redução da atividade econômica como o maior risco para a estabilidade financeira, mas o foco das preocupações está começando a se deslocar para o quadro fiscal e o cenário internacional, segundo informações divulgadas pelo Banco Central (BC).
A inadimplência e a deterioração da atividade econômica foram apontados como riscos à estabilidade financeira por 38% das instituições financeiras consultadas pelo BC – menos que os 45% observados em fevereiro, quando foi divulgada a edição anterior do levantamento.
“A recuperação econômica e os números relativamente favoráveis de inadimplência contribuíram para moderar a preocupação com esse risco. Em particular, o aumento da cobertura vacinal e a redução dos casos associados à pandemia diminuíram as preocupações com os impactos da crise sanitária na atividade e na economia”, afirmou o BC.
“No entanto, os respondentes acreditam que o cenário ainda é de cautela. A circulação de novas cepas do coronavírus mais resistentes às vacinas, a retirada de estímulos que reduzem o impacto econômico da pandemia da Covid-19 e a persistência do desemprego são fatores de aumento de riscos de inadimplência e atividade.”
A pesquisa mostrou também que os riscos fiscais foram apontados como um elemento passível de prejudicar a estabilidade financeira para 33% das instituições entrevistadas – percentual 4 pontos porcentuais (pp) maior que o observado em fevereiro.
“Preocupações fiscais relacionadas à pandemia reduzem em razão do arrefecimento da crise sanitária e da diminuição dos gastos públicos para seu enfrentamento. Em contraste, há um aumento de preocupações com a possibilidade de implementação de políticas favoráveis à expansão fiscal que impactem a sustentabilidade das contas públicas”, disse o BC.
As instituições financeiras acreditam que um afrouxamento no controle das despesas levaria à elevação do prêmio de risco, exigindo maior esforço na rolagem da dívida pública e aumento de custo dos bancos para obter recursos, acrescentou.
A pesquisa do BC mostrou também que 16% das instituições financeiras apontaram o cenário internacional como um dos riscos mais importantes à estabilidade financeira – quase o dobro dos 9% observados em fevereiro.
“O efeito de novas cepas do coronavírus, o aumento da inflação nos EUA e a retirada de estímulos monetários em economias desenvolvidas são os principais riscos do cenário internacional à estabilidade financeira”, disse o BC.
“As instituições financeiras entendem que ajustes monetários nessas economias podem alterar custos e fluxos dos recursos para economias emergentes, tornando as decisões de investimentos mais seletivas e onerosas para bancos, empresas não financeiras e tesouros nacionais. Segundo os respondentes, esses eventos podem afetar a precificação de ativos de risco das economias emergentes e o acesso destas a funding e liquidez no mercado externo”, acrescentou.