CPI da covid tem elementos para indiciar presidente Bolsonaro, diz relator

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O senador Renan Calheiros (MDB-AL), relator da CPI da Pandemia. (Foto: Jefferson Rudy / Agência Senado)

São Paulo, 28 de junho de 2021 – O senador Renan Calheiros (MDB-AL), relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Senado que investiga erros e omissões do governo no combate à pandemia, disse que o colegiado tem evidências suficientes para indiciar o presidente da República, Jair Bolsonaro.

“Eu acho que já tem elementos nessa fase e terá mais”, disse ele em entrevista ao UOL, quando questionado se a CPI teria evidências suficientes no momento para processar o presidente.

Na sexta-feira, o vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), disse que comunicaria ao Supremo Tribunal Federal (STF) o cometimento de crime de prevaricação (retardar ou deixar de praticar ato de ofício para satisfazer interesse pessoal) por parte do presidente Jair Bolsonaro.

Isso depois de depoimentos do deputado federal Luis Miranda (DEM-DF) e do seu irmão, Luis Ricardo Miranda, servidor concursado do Ministério da Saúde, indicarem que há suspeitas de irregularidades na compra da vacina Covaxin, da Bharat Biotech, e que Bolsonaro teria conhecimento de potenciais irregularidades, mas não agiu para detê-las.

Em entrevista recente ao jornal Folha de São Paulo, o deputado Luis Miranda foi mais além, e disse que Bolsonaro sabia de irregularidades anteriores no Ministério da Saúde, supostamente orquestradas pelo líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR).

Hoje, na entrevista ao Uol, Renan Calheiros disse que “o presidente da República tem mais responsabilidade com isso do que a mera prevaricação”.

IMPEACHMENT

O governo do presidente Jair Bolsonaro vai terminar, seja num processo de impeachment, seja na eleição de 2022, disse Calheiros (MDB-AL) na entrevista ao UOL. Ele afirmou que “o governo já acabou” e que “só não sabemos se esse velório será longo – será resolvido apenas na eleição – ou se esse velório acontecerá rapidamente – com processo de impedimento”.

“O certo é que o sepultamento um dia acontecerá e esse velório será concluído. Nós temos certeza por outro lado é que é muito difícil o defunto levantar do caixão. Essa é a circunstância que já chegamos no Brasil e na própria comissão parlamentar de inquérito”, afirmou.

Calheiros, que foi presidente do Senado quatro vezes, disse também que o suposto esquema de corrupção no Ministério da Saúde, denunciado pelo deputado Luis Miranda (DEM-DF), é “gigantesco” e que o silêncio do presidente Jair Bolsonaro sobre o assunto terá “desdobramentos”.

“Se ele [Bolsonaro] não falar, estará incriminando individualmente o líder de seu governo, que esteve com ele em vários momentos, foi indicado líder, nomeou a esposa para o conselho de Itaipu, que colocou na legislação autorização para comprar Covaxin”, disse Calheiros ao UOL.