Copom eleva Selic em 1,50 pp, a 7,75% ao ano, em decisão unânime

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Edifício-Sede do Banco Central do Brasil em Brasília. (Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

Brasília – O Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a taxa básica de juros (Selic) em 1,50 ponto percentual (pp), a 7,75% ao ano. O índice foi acima do projetado na última reunião do Copom, realizada em setembro, mas ficou dentro das previsões de especialistas. O comitê sinalizou que a Selic deve subir 1,50 pp em dezembro.
“Para a próxima reunião, o Comitê antevê outro ajuste da mesma magnitude. O Copom enfatiza que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados para assegurar o cumprimento da meta de inflação e dependerão da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação para o horizonte relevante da política monetária”, diz a nota do Copom.
Para o Copom, “diante da deterioração no balanço de riscos e do aumento de suas projeções, esse ritmo de ajuste é o mais adequado para garantir a convergência da inflação para as metas no horizonte relevante. Neste momento, o cenário básico e o balanço de riscos do Copom indicam ser apropriado que o ciclo de aperto monetário avance ainda mais no território contracionista”.
A decisão foi unânime. Esta foi a sexta alta consecutiva da taxa básica de juros neste ano.
PROJEÇÃO DE INFLAÇÃO
Segundo o Copom, apesar do desempenho mais positivo das contas públicas, “os recentes questionamentos em relação ao arcabouço fiscal elevaram o risco de desancoragem das expectativas de inflação, aumentando a assimetria altista no balanço de riscos”. Esse cenário “implica maior probabilidade de trajetórias para inflação acima do projetado de acordo com o cenário básico”.
A inflação ao consumidor continua elevada, conforme avaliação do grupo. “A alta dos preços veio acima do esperado, liderada pelos componentes mais voláteis, mas observam-se também pressões adicionais nos itens associados à inflação subjacente”, afirma a nota do Copom.
Desta forma, o Copom atualizou as projeções de inflação para os próximos períodos. Para este ano, o Copom prevê uma inflação de 9,5%, contra 8,5% da reunião passada. Em 2022, a previsão é que a inflação chegue a 4,1%, sendo que antes a estimativa era de 3,7%. Em 2023, a projeção é de inflação de 3,1%.
TRAJETÓRIA DE JUROS
Nesse cenário, o comitê “supõe trajetória de juros que se eleva para 8,75% ao ano em 2021 e para 9,75% ao ano durante 2022, terminando o ano em 9,50%, e reduz-se para 7,00% ao ano em 2023”.
O Comitê ressalta que, em seu cenário básico para a inflação, permanecem fatores de risco em ambas as direções. “Por um lado, uma possível reversão, ainda que parcial, do aumento recente nos preços das commodities internacionais em moeda local produziria trajetória de inflação abaixo do cenário básico”, afirma a nota.
O grupo avalia que “novos prolongamentos das políticas fiscais de resposta à pandemia que pressionem a demanda agregada e piorem a trajetória fiscal podem elevar os prêmios de risco do país”.
Em relação à atividade econômica brasileira, segundo avaliação do Copom, os indicadores divulgados desde a última reunião mostram uma evolução ligeiramente abaixo da esperada. “No cenário externo, o ambiente tem se tornado menos favorável e a reação dos bancos centrais frente à maior persistência da inflação deve levar a um cenário mais desafiador para economias emergentes”, diz a nota.