Conselho Europeu dividido rejeita planos de reunião com Putin

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Reunião do Conselho Europeu, em Bruxelas, no edifício Europa / Foto: União Europeia (UE)

São Paulo – O Conselho Europeu, que reúne chefes de estado e de governo da União Europeia (UE), rejeitou os planos da Alemanha e da França para estabilizar as relações com a Rússia, citando ações coercitivas de Moscou, e propôs o estudo de possíveis sanções econômicas contra Moscou.

“O Conselho Europeu apela à Rússia para que assuma toda a sua responsabilidade no que toca a assegurar a plena aplicação dos acordos de Minsk, como condição essencial para qualquer alteração substancial da posição da UE”, diz o grupo, em comunicado após a reunião de dois dias em Bruxelas.

“O Conselho Europeu salienta a necessidade de uma resposta firme e coordenada da UE e dos seus Estados membros a qualquer nova atividade mal-intencionada, ilegal e disruptiva da Rússia, tirando pleno partido de todos os instrumentos à disposição da UE e assegurando a coordenação com os parceiros. Para o efeito, o Conselho Europeu convida igualmente a Comissão e o alto representante a apresentarem opções de medidas restritivas adicionais, incluindo sanções econômicas”.

A chanceler alemã, Angela Merkel, e o presidente francês, Emmanuel Macron, propuseram uma reunião com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, após a cúpula do presidente norte-americano Joe Biden com ele na semana passada.

Alguns líderes europeus, como a Polônia e países do Báltico, criticaram a proposta, devido a campanhas militares e de desestabilização da Rússia contra vizinhos e o Ocidente. A UE considera ilegal a anexação pela Rússia de Crimeia, parte território ucraniano, em 2014, e denunciou ciberataques e campanhas de desinformação, além de do tratamento dado pelo Kremlin a oponentes políticos.

“Não pudemos concordar em ter uma reunião entre os líderes da UE e da Rússia. Para mim é importante continuar trabalhando no diálogo, embora eu preferisse um passo mais corajoso”, disse Merkel a repórteres após a reunião do Conselho Europeu, a última na qual participou.

“Acho que é muito cedo porque até agora não vimos nenhuma mudança radical no padrão de comportamento de Vladimir Putin e tentar se engajar é claro uma ideia muito boa, mas se engajar sem luzes vermelhas, sem pré-requisitos é claro seria um sinal muito errado, eu diria”, afirmou o presidente da Lituânia, Gitanas Nauseda.

Ontem, antes das negociações, ele havia dito que “parece-me que tentamos envolver o urso para manter o pote de mel seguro”.

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse ontem que a Rússia acolheu bem a ideia de uma cúpula com os líderes dos países europeus. “Vemos a iniciativa de forma positiva”, disse Peskov a repórteres. “O presidente Putin está do lado de criar um mecanismo de diálogo e contato entre Bruxelas e Moscou.”

Na reunião, os líderes europeus também exigiram que o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orban, suspenda a lei que proíbe falar sobre homossexualidade nas escolas, deixando claro que valores fundamentais da UE devem ser respeitados, a reiterando que Comissão continuará a examinar a legislação húngara.

Com relação à Turquia, os líderes aprovaram a extensão do acordo sobre refugiados, que incluem 3 bilhões de fundos adicionais, e vão continuar a trabalhar na construção de uma união aduaneira, mas esperam que a Turquia se comporte de forma construtiva. O Conselho disse ainda que viu melhorias em relação à situação no Mediterrâneo recentemente.