Condições para elevação de juros estão prestes a serem atendidas, diz BCE em ata

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Eurotower, sede do Banco Central Europeu (BCE), em Frankfurt / Foto: BCE

São Paulo, 7 de abril de 2022 – Na mais recente reunião do Conselho do Banco Central Europeu (BCE), os membros argumentaram que as condições para elevar os juros foram atendidas ou estão prestes a ser atendidas. As informações constam na ata da reunião, divulgada nesta quinta-feira (7).
“Foi argumentado que, para todos os efeitos práticos, as três condições da orientação futura para um ajuste para cima nas principais taxas de juros do BCE já haviam sido atendidas ou estavam muito próximas de ser atendidas”, diz o texto.
Segundo o documento, projeções indicam que as taxas inflacionárias permanecerão acima da meta de 2% em 2023. “Um período mais longo de inflação acima da meta levaria a um risco maior de desancoragem ascendente das expectativas de inflação de prazo mais longo”, destaca o texto. Os participantes da reunião ainda pontuaram que as previsões sugerem que a inflação em 2024 estará em linha com a meta.
Na ata, consta que os membros concordaram em rever as compras sob o Programa de Compra de Ativos (APP, na sigla em inglês) para o segundo trimestre e encerrá-lo no terceiro. “Houve amplo apoio à expectativa condicional de que o Conselho do BCE concluiria as compras líquidas de ativos sob o APP no terceiro trimestre se os dados recebidos apoiassem a expectativa de que as perspectivas de inflação de médio prazo não enfraqueceriam após o fim das compras líquidas”, diz o texto.
“Isso pode abrir caminho para um possível aumento de juros no terceiro trimestre deste ano, à luz da deterioração das perspectivas de inflação”, ressalta o documento.
Segundo o relatório, houve “ampla concordância” sobre os efeitos iniciais da guerra entre Rússia e Ucrânia na economia da zona do euro, com alta inflacionária e pressão sobre o crescimento econômico. O conflito começou em um momento de recuperação, avaliam os membros. Apesar disso, as autoridades concordaram em manter uma postura mais cautelosa em meio às altas incertezas decorrentes da guerra.
“Portanto, não deveria haver automatismo nas decisões sobre aumentos de juros, e era prudente manter flexibilidade e opcionalidade a esse respeito até que houvesse mais clareza sobre o impacto da guerra Rússia-Ucrânia nas perspectivas de inflação de médio prazo”, avaliam os membros do Conselho.
As autoridades reforçaram o argumento, dizendo que “a trajetória para as taxas de juros diretoras do BCE continuaria a ser determinada pela orientação futura de forma dependente de dados e pelo compromisso estratégico de estabilizar a inflação em 2% no médio prazo”.