Caminhoneiros querem frete mínimo e preço menor do diesel, diz representante

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Caminhoneiros em trecho da Rodovia Presidente Dutra, em Seropédica (RJ), durante a greve de 2018. (Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil)

São Paulo – A greve dos caminhoneiros está prevista para 1 de fevereiro e atacará a falta de previsibilidade de uma decisão a respeito do preço mínimo do frete e a política da Petrobras de equiparar os preços do diesel no Brasil aos praticados no mercado internacional, afirmou o presidente da Associação Nacional de Transporte no Brasil, José Roberto Stringasci, um dos grupos que apoia a paralisação. Veja a entrevista abaixo:

AGÊNCIA CMA: A greve de 1 de fevereiro está confirmada?

STRINGASCI: A data é essa mesma, está confirmada. A categoria está se mobilizando e vai haver, sim, enquanto não houver negociação.

AGÊNCIA CMA: Quais são as principais demandas da categoria?

STRINGASCI: A principal é o piso mínimo do frete, que foi conquistado na lei 13.703, porém não se cumpriu. Alguns órgãos entraram com recurso e parou no Supremo Tribunal Federal (STF). A outra questão primordial para nós hoje é o valor do combustível. Não tem mais condição de trabalhar com o preço alto do combustível. Temos que ter um preço nacional.

AGÊNCIA CMA: A solução apresentada pela Petrobras com o cartão do caminhoneiro não funcionou [compra antecipada do combustível por um valor fixo]?

STRINGASCI: Não. Você vai abastecer o caminhão e tem que pagar à vista. Poderia ter feito como o Sem Parar, passa o mês todo e paga a fatura no final do mês. Se quisessem ajudar a categoria teriam feito isso. o cartão caminhoneiro tem que pagar adiantado. Não tem condição nem de pagar as prestações de pneus, equipamentos, aí vai pagar adiantado?

AGÊNCIA CMA: Quantos caminhoneiros vocês representam hoje?

STRINGASCI: Unindo todas as associações que estão fazendo parte do Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas, em torno de 40 mil caminhoneiros.

AGÊNCIA CMA: Houve alguma negociação ou aproximação do governo para negociar sobre a greve?

STRINGASCI: Até o presente momento não. Com o Conselho Nacional não, talvez ele possa estar tentando negociar ou conversar com as entidades que desde a paralisação estão lá lutando, representando a categoria.

AGÊNCIA CMA: O que seria necessário para evitar a greve no curto prazo?

STRINGASCI: A gente precisa que o STF pelo menos coloque uma data para julgar este processo [ADI 5956, sobre a tabela dos fretes]. Ninguém quer obrigar o STF ou qualquer órgão a julgar nada, mas a gente precisa de uma data. Até lá a categoria fica sem saber o que fazer. è uma lei que foi sancionada. É lei, mas a gente não consegue usufruir dela. Na questão imediata seria o combustível, o preço de paridade internacional [da Petrobras], criado pelo presidente da Petrobras em 2016 para beneficiar importadores de combustíveis. Queremos que nosso combustíveis tenham um preço nacional e com reajuste anual. Sabemos, temos informações ue pode ser feito.

AGÊNCIA CMA: A Petrobras e o governo argumentam que a venda de refinarias da empresa deve abrir o mercado brasileiro, aumentar a concorrência e, com isso, diminuir o preço dos combustíveis. Vocês concordam com essa avaliação?

STRINGASCI: Negativo, eu quero que o presidente da Petrobras me prove que isso funciona.