Caixa quer fomentar empreendedorismo na população que receberá auxílio emergencial

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Foto: Divulgação/Caixa Econômica Federal

São Paulo – A presidente da Caixa Econômica Federal, Daniella Marques, disse que o foco atual da instituição é apoiar o empreendedorismo popular, com foco nas mulheres e jovens e nos 68 milhões de brasileiros que receberam ou receberão auxílio emergencial do governo federal. Segundo a executiva, que prevê a concessão de R$ 45 bilhões em crédito para micro e pequenas empresas e MEIs, a estratégia do banco será utilizar os cadastros feitos para o pagamento do benefício para oferecer orientação financeira e produtos de crédito.

“O grande foco é reorientar os produtos para clientes, por que hoje o nosso maior cliente é o governo. Nós queremos ser o banco do empreendedor. O governo fez um trabalho de digitalizar o acesso da população ao banco, com o pagamento do auxílio para 38 milhões de pessoas, criou o cadastro e agora temos a oportunidade de oferecer educação financeira na base, aumentar a integração com o BNDES, habitação. Queremos entrar forte com as prefeituras para integrar financiamento em saneamento… enfim, participar do ciclo completo de vida do cidadão”, detalhou Marques.

A executiva, que foi nomeada pelo presidente da república, Jair Bolsonaro, após as denúncias de assédio sofridas pelas trabalhadoras da instituição do ex-presidente Pedro Guimarães, disse que o foco do banco são as empresas, mas como as mulheres estão sobrecarregadas, o banco direcionou o foco para esse público. “Eu plantei uma semente que quem inventou que a mulher faz tudo, dá conta de tudo, foi um homem. O banco tem que apoiar as empresas, as famílias e as mulheres estão sobrecarregadas. Temos que buscar o equilíbrio por que a mulher não dá conta de tudo”, comentou.

Na próxima semana, o banco fará o lançamento nacional do Programa Caixa Pra Elas está previsto para o dia 9 de agosto e, até o final do mês, a CAIXA terá 1 mil agências com espaços dedicados às mulheres, além de 8 mil empregados capacitados para o atendimento especializado em todas as unidades do banco. A iniciativa tem o objetivo de apoiar o “empreendedorismo feminino” é inspirada no programa “Brasil para elas”, que ela comandava no Ministério da Economia.

“É necessário definir uma agenda ampla para os investimentos na área ambiental, social e de governança (ESG, na sigla em inglês). (Eu e o Paulo Guedes) somos liberais, dinheiro não têm carimbo, vocação não tem gênero, nem raça, mas há pessoas que partem de uma origem menos favorecida, mas se você oferecer oportunidade, a pessoa desenvolve sua vocação. Eu acredito no empreendedorismo como forma de transformação social”, comentou a presidente da Caixa, fazendo alusão à sua sociedade com o ministro numa gestora de investimentos.

Segundo a Caixa, as iniciativas do programa visam promover ações de orientação sobre medidas de prevenção e acolhimento da mulher em situação de violência, educação financeira para promoção do empreendedorismo e oferta de produtos e serviços bancários direcionados ao público feminino.

Na sua avaliação, o Brasil está em um bom momento e que há uma torcida contra o governo. “Eu saí da minha vida de gestora no Leblon, vocês sabem que eu era sócia do ministro (Paulo Guedes) num fundo, trabalhei na reforma da Previdência, e parece que há uma torcida contra o Brasil. Fizemos uma reforma e veio a pandemia, a história vai reconhecer a necessidade de transformação, o Paulo Guedes reformulou a estratégia do ministério e nenhuma das previsões catastróficas se confirmou. Fizemos o marco do gás, da startup, o Pix, mais de dez leis de marcos legais, e eu não conseguia entender as previsões de recessão”, relata.

A executiva considera a geração de 14 milhões de empregos, com 200-300 mil vagas por mês, “um saldo muito positivo e melhor do que o que foi feito pelo governo da ex-presidente Dilma Roussef.” “A crise lá fora sim é séria, mas apesar disso, conseguimos conciliar responsabilidade fiscal com crescimento, então, era para ter um clima melhor e as pessoas deveriam estar falando melhor do que foi feito pelo governo”, sem explicar qual seria o motivo das críticas.

Existem propostas “bastante sólidas” de desvinculação do orçamento e a presidente da Caixa espera que o próximo governo mantenha a perspectiva de investimentos que está sendo proporcionada pelo atual governo com as intervenções na política fiscal.

Ao ser questionada sobre como o governo deve fazer o desembarque dos cidadão dos auxílios emergenciais, a presidente da Caixa avalia que a melhor saída é formalizar os 38 milhões de brasileiros e oferecer crédito para a população. “O cidadão não se formaliza para tomar crédito pelo Pronampe, por exemplo, por que tem medo de pagar imposto”, disse a executiva.

A Caixa também quer alcançar 45 milhões de pessoas com um programa de crédito voltado para jovens, o Caixa Primeira Empresa. “O programa pode ter um resultado muito virtuoso, o jovem quer empreender. Vamos trabalhar na prevenção, promoção, junto com o programa ‘Caixa para elas’, vamos estimular o empreendedorismo.”

Outra frente que a Caixa quer apoiar são os investimentos em agro e negócios com foco no meio ambiente, mas não deu detalhes.

Em relação às denúncias de assédio sofridas pelas trabalhadoras da instituição do ex-presidente Pedro Guimarães, a nova presidente da Caixa Econômica Federal disse que “existe um interesse midiático em extrapolar tudo o que acontece”, e que o banco abriu um canal de apoio à colaboradoras e que os casos serão tratados “isoladamente” e “de forma imparcial” e que agora, ela está mais focada no futuro da companhia.

Em relação ao risco de um possível aumento da inadimplência, Marques minimizou, ressaltando que a Caixa tem 90% das concessões via garantias, o que permite maior leniência neste cenário de previsão de maior inadimplência. Já sobre a política habitacional, a presidente da Caixa disse que não terá grandes mudanças estruturais.

Uma possível abertura de capital da Caixa não está nos planos da atual gestão, mas que pode rentabilizar com as subsidiárias como a Caixa Seguridade. “Nunca esteve no plano do Paulo Guedes privatizar a Caixa, agora o mercado está com a janela mais fechada e mesmo nos processos que estavam em andamento, não é o foco agora, não estou dedicando meu tempo para isso no momento”, disse a executiva.

As declarações da presidente da Caixa foram dadas durante o painel “Crédito e Inclusão: o papel da Caixa na retomada da economia brasileira”, realizado em evento da XP Investimentos, acompanhado pela Agência CMA.