Brainard, do Fed, defende paciência para o alcance das metas

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A diretora do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Lael Brainard / Foto: Divulgação/ Fed

São Paulo – A diretora do Federal Reserve (Fed), Lael Brainard, disse que o banco central norte-americano está longe de atingir suas metas de pleno emprego e estabilidade de preços mesmo em meio aos sinais de recuperação da economia dos Estados Unidos. Por isso, ela pediu paciência até que a retomada esteja completa.

“As perspectivas são brilhantes, mas os riscos permanecem e estamos longe de nossos objetivos. O último relatório de emprego nos lembra que os resultados obtidos podem divergir das projeções futuras e ressalta o valor da paciência”, disse ela em uma conferência virtual patrocinada pela Society for Advancing Business Editing and Writing.

Dados do Departamento do Trabalho divulgados na sexta-feira passada mostraram que a economia dos Estados Unidos criou 266.000 empregos em abril, bem abaixo dos 1,05 milhão de vagas esperada pelos economistas consultados pela Agência CMA e abaixo do dado revisado de março de 770.000 postos de trabalho. Já a taxa de desemprego subiu de 6,0% para 6,1% ante projeção de recuo para 5,8%.

“À medida que a economia se reabre totalmente e a recuperação ganha impulso, será importante permanecermos pacientemente focados em alcançar o máximo de emprego e os resultados de inflação em nossa projeção”, afirmou ela.

No discurso, Brainard disse que espera ganhos contínuos no emprego e que as pressões inflacionárias aumentem com a recuperação da economia. Assim com outros membros do Fed, ela reforçou que essa aceleração da inflação não deve se sustentar no longo prazo, sugerindo que o banco central norte-americano não reagirá ao avanço dos preços com o aumento da taxa de juros, hoje próxima de zero.

“Na medida em que o congestionamento da cadeia de suprimentos e outros atritos de reabertura são transitórios, é improvável que gerem inflação persistentemente mais alta por conta própria”, afirmou.

Brainard, no entanto, indicou que se a inflação persistir acima da meta de 2%, o Fed tem ferramentas para lidar com a situação. “Temos as ferramentas e a experiência para orientar suavemente a inflação de volta à nossa meta”, disse ela, acrescentando que “ninguém deve duvidar de nosso compromisso em fazê-lo”.

Nos últimos dias, vários membros do Fed argumentaram que, mesmo com a economia ganhando força, ainda são necessárias medidas de apoio como a compra mensal de US$ 120 bilhões em títulos do Tesouro e hipotecas.

“O último relatório de empregos é um lembrete de que o caminho de reabertura e recuperação – como o fechamento – provavelmente será desigual e difícil de prever, portanto, basear a política monetária nos resultados, e não nas perspectivas, nos servirá bem”, afirmou Brainard.

“Por qualquer medida, o emprego permanece longe de nossas metas”, acrescentou. “Embora haja boas razões para esperar que o número de empregos e o número de pessoas que desejam trabalhar tenham uma recuperação total, é improvável que isso aconteça recuperar no mesmo ritmo”, completou.

Ela observou obstáculos que impedem alguns de procurar emprego, como creches e outras questões relacionadas à pandemia de covid-19, mas disse que “há boas razões para esperar uma forte recuperação do emprego nos próximos trimestres”.