BR Distribuidora quer ser mais relevante em distribuição de energia

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São Paulo – A BR Distribuidora disse que os fortes resultados de 2020 vão permitir à empresa implementar o seu plano de longo prazo para atuar em transição energética e em distribuição de energia.

“A nossa ambição de longo prazo é tornar a companhia relevante em distribuição de energia e enfrentar a transição energética, por isso vendemos nossa participação em térmicas e aceleramos a parceria em GNL (gás natural liquefeito)”, disse o presidente interino da companhia, Marcelo Bragança, em teleconferência a investidores.

Os executivos disseram que não poderiam antecipar informações mas que avaliam negócios que complementem o portfólio de energia da companhia, considerando o novo nível de alavancagem, que passou para 2,5 vez, e melhores margens alcançadas no ano passado.

Em apresentação, a empresa destacou os desinvestimentos em negócios de asfalto, gás comprimido e nas térmicas de Muricy e Pecém, a aquisição da comercializadora de energia Targus e as parcerias com a Golar em distribuição de GNL e com a Lojas Americanas, em lojas de conveniência.

“Tivemos avanço em várias iniciativas para aumentar a nossa competitividade e gerar maior valor, em pricing (precificação), parcerias comerciais, em remuneração variável. E, embora nosso faturamento tenha sido impactado no início da pandemia, esses ajustes permitiram adequar nossos ganhos à nova realidade”, disse.

Os executivos destacaram que a companhia apresentou margens que só eram esperadas em 2021. A margem ebitda passou de R$ 95 por metro cúbico (m/3) para R$ 157 por m/3 do quarto trimestre de 2019 para 2020 e de R$ 78 por m/3 para R$ 104 por m/3 no resultado anual de 2019 para 2020, devido ao reconhecimento da exclusão do ICMS da base de cálculo do PIS/COFINS, perdas de estoque pela variação do petróleo (já líquidas de ganhos com hedge) e custos com a aquisição de CBIOs nos últimos meses do ano. Com o ajuste desses efeitos, a margem ebitda seria R$ 96 por m3, informou a companhia, em seu balanço.

“Antes da privatização tínhamos custos acima do mercado e eles foram alinhados, então, este ano devemos ter custos em linha com o de outras companhias do mercado”, comentou o diretor financeiro da companhia, André Corrêa.

A companhia disse que a parceria com o aplicativo de pagamentos AME ajudou a ampliar a participação de mercado ao longo do ano e que a parceria com a Lojas Americanas em lojas de conveniência, anunciada no mês passado, tem sido positiva para aumentar a recorrência nas lojas. A parceria prevê a integração de 1,255 mil lojas das marcas BR Mania e Local em uma nova sociedade com divisão de capital entre as duas empresas.

Em resposta a um analista, os executivos disseram que não veem risco de desabastecimento de combustível no mercado interno atualmente.

Para 2021, a companhia anunciou uma nova faixa de alavancagem, de 2,5 vez, de até 1,5 vez, após encerrar em 1,2 vez no quarto trimestre.

“Antes da privatização, o nível de retorno permitia esse nível de alavancagem. Hoje, o nível de retorno é bem diferente, em parte pela queda de juros no Brasil e pela resiliência que a companhia vem apresentando, temos margens de retorno melhores e por isso buscamos a ampliação da banda, considerando distribuições adicionais aos acionistas e alocações orgânicas ou inorgânicas neste capital”, disse Natal.

O executivo disse que a companhia fez uma captação de R$ 2 bilhões em fevereiro e que outras distribuições de dividendos poderão ser anunciadas ao longo do ano, além das relativas ao exercício de 2020, de R$ 2,3 bilhões em dividendos, sendo R$ 500 milhões em janeiro, R$ 1,1 bilhão em abril e os R$ 707 milhões restantes até o final do ano.

“Vamos avaliar outras distribuições ao longo do ano”, disse.

Em seu balanço, a companhia informou que após as capitações ocorridas em 2021 o prazo médio da dívida foi ampliado para 3,5 anos. A empresa encerrou o ano passado com endividamento bruto ajustado de R$ 8 bilhões em 2020, 26,2% acima de 2019, atribuído às maiores captações de caráter precaucional por causa da pandemia da covid-19. A companhia informou que as dívidas contratadas vencem a partir de março de 2021.