Bolsonaro vê volta à normalidade “em breve” no auge da pandemia

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Presidente Jair Bolsonaro discursa após cerimônia de posse do Ministro de Estado da Cidadania, Joao Roma, e do Ministro de Estado Chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Onyx Lorenzoni e sanção da Lei da Autonomia do Banco Central. (Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

São Paulo – O presidente Jair Bolsonaro fez um pronunciamento ontem em que prometeu a vacinação de toda a população brasileira até o final do ano e previu a retomada da normalidade “muito em breve”. O discurso foi feito no mesmo dia em que o número de novas mortes provocadas pela doença no Brasil passou de 3 mil e atingiu um novo recorde.

“Ao final do ano teremos alcançado mais de 500 milhões de doses para vacinar toda a população. Muito em breve retomaremos nossa vida normal”, disse o presidente durante o pronunciamento.

Em outro ponto do discurso, ele também disse que “não sabemos por quanto tempo teremos que enfrentar esta doença, mas a produção nacional [de insumos] vai garantir que possamos vacinar os brasileiros todos os anos, independentemente das variantes que possam surgir”.

Bolsonaro também disse no pronunciamento que o governo federal está vacinando a população “graças às ações que tomamos logo no início da pandemia”, entre elas o acordo com a Universidade de Oxford para a produção da vacina da AstraZeneca, em julho, à participação no convênio da Covax Facility, em setembro, e ao acordo com o Instituto Butantan para a vacina da Sinovac, em dezembro.

O presidente omitiu no discurso que a Pfizer ofereceu vacinas ao governo federal em setembro do ano passado, mas foi ignorada, e que ele próprio desautorizou o convênio do Ministério da Saúde com o Instituto Butantan em outubro sob a alegação de que a vacina da Sinovac não possuía registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) – o que não impediu o governo de assinar, meses antes, o convênio com a Universidade de Oxford e a AstraZeneca.

A postura do presidente nestes casos afetou diretamente a quantidade de vacinas que o Brasil poderia ter recebido até agora. No caso da Pfizer, a empresa vendeu as doses para outros países, e o governo federal acabou fechando acordo com a empresa recentemente – acordo que, inclusive, manteve uma cláusula contratual que o governo usou por meses para rejeitar as ofertas de vacina feitas pela farmacêutica.

No caso do Instituto Butantan, a intervenção pessoal de Bolsonaro contra a vacina da Sinovac foi um dos fatores que levaram a China a atrasar o envio dos insumos para o Brasil, o que atrasou o envase e a fabricação das doses por aqui. O cronograma original previa 40 milhões de doses prontas em janeiro, mas este volume só foi atingido em março.

No pronunciamento de ontem, Bolsonaro tentou se colocar como um promotor da vacinação, afirmando que intercedeu “pessoalmente” para fechar o acordo com a Pfizer e com a Janssen.

O presidente também se absteve de defender os protocolos básicos de proteção contra a covid-19 usados na ausência de vacinas – nomeadamente o uso de máscaras e o distanciamento social. Em vez disso, repetiu que a pandemia “dois grandes desafios, o vírus e o desemprego, e em nenhum momento o governo deixou de tomar medidas importantes tanto para combater o coronavírus quanto para combater o caos na economia.”

Hoje, Bolsonaro terá uma reunião com os chefes dos demais Poderes para discutir uma estratégia nacional contra a covid-19.

Assista a íntegra do pronunciamento do presidente abaixo: