Bolsonaro fala em “tomar medidas legais” após “abusos”

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São Paulo – O presidente Jair Bolsonaro disse ontem à noite que vai tomar “todas as medidas legais” para “proteger a Constituição” após “abusos” ocorridos nas últimas semanas, sem especificar que tipo de ações considerou abusivas nem quais ações pretende tomar.

“Os abusos presenciados por todos nas últimas semanas foram recebidos pelo governo com a mesma cautela de sempre, cobrando, com o simples poder da palavra, o respeito e a harmonia entre os poderes. Essa tem sido nossa postura, mesmo diante de ataques concretos”, disse ele em sua conta no Twitter.

“Queremos, acima de tudo, preservar a nossa democracia. E fingir naturalidade diante de tudo que está acontecendo só contribuiria para a sua completa destruição. Nada é mais autoritário do que atentar contra a liberdade de seu próprio povo.”

“Luto para fazer a minha parte, mas não posso assistir calado enquanto direitos são violados e ideias são perseguidas. Por isso, tomarei todas as medidas legais possíveis para proteger a Constituição e a liberdade do dos brasileiros”, acrescentou.

Nas últimas semanas, apoiadores do presidente foram alvo de operações policiais autorizadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a partir de dois inquéritos diferentes – um aberto pela própria corte, que apura notícias falsas e ameaças contra os integrantes do Supremo, e outro aberto pela Procuradoria-Geral da República (PGR) para investigar manifestações pedindo o fechamento do STF e do Congresso.

Os dois inquéritos estão sob a responsabilidade do ministro Alexandre de Moraes, do STF.

O próprio Bolsonaro também é alvo de um inquérito, este relatado pelo ministro Celso de Mello, que apura se ele tentou interferir no comando da Polícia Federal em benefício próprio – algo de que foi acusado pelo ex-ministro da Justiça e ex-juiz federal Sergio Moro, responsável pelos julgamentos da operação Lava Jato, que revelou um esquema de corrupção bilionário na Petrobras durante o governo do Partido dos Trabalhadores (PT).

O presidente tem demonstrado crescente insatisfação com decisões do STF contra ele e seu governo, e em mais de uma ocasião disse que seu limite de tolerância em relação a estas decisões havia acabado – a última delas no final de maio.

“Não podemos falar em democracia sem um Judiciário independente, sem um Legislativo independente, para que possam tomar decisões. Não monocraticamente, por vezes. Às questões que interessam ao povo que tomem, mas de forma que seja ouvido o colegiado. Acabou porra”, disse ele, na ocasião, referindo-se especificamente a operações de busca autorizadas por Moraes.