Bolsa vira no fim do pregão e cai; dólar recua 1,14%

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Por Danielle Fonseca e Flávya Pereira

São Paulo – O Ibovespa virou perto do fechamento do pregão e encerrou em queda de 0,59%, aos 111.896,04 pontos. O índice refletiu o aprofundamento das perdas de ações de bancos e uma realização de lucros, após ter renovado a sua máxima histórica mais cedo, atingindo os 113.196,83 pontos 

O volume total negociado foi considerado forte por analistas, chegando a R$ 34,5 bilhões, sendo que exercício de opções sobre ações movimentou R$ 12,12 bilhões.

“Tivemos um vencimento de opções forte e muita gente estava comprada no exercício, o que faz com que comecem a devolver, realizar um pouco depois”, disse o economista-chefe da Codepe Corretora, José Costa.

Entre as ações, as de bancos passaram a cair e ampliaram perdas perto do fechamento, caso dos papéis do Itaú Unibanco (ITUB4 -2,28%) e do Bradesco (BBDC4 -1,75%). Segundo um operador, além de terem mostrado uma realização de lucros, os papéis também podem ter refletido uma consulta público aberta pelo Banco Central (BC) para estimular a concorrência entre bancos na oferta de serviços de saque e depósito nos caixas eletrônicos. Bancos digitais e fintechs reclamam que grandes bancos usam suas redes físicas para limitar a acesso de clientes. 

Os papéis da Cielo (CIEL3 -5,12%), por sua vez, registraram as maiores perdas do Ibovespa depois que a sua concorrente, a Rede, afirmou que vai passar a pagar, em até dois dias úteis, todos os clientes cujo faturamento anual seja até R$ 30 milhões, em suas vendas com cartão de crédito à vista, sem taxa de antecipação. 

Amanhã, investidores devem aguardar a ata do COPOM, além de indicadores norte-americanos, como os dados de produção industrial.

Para o analista da Necton Corretora, Gabriel Machado, a tendência continua positiva para  o Ibovespa. “Tudo está se encaminhando, com alívio em relação à guerra comercial, ao Brexit… Acredito que o Ibovespa irá fechar bem o ano, nas máximas históricas”, disse.

Já o dólar comercial fechou em forte queda de 1,14% no mercado à vista, cotado a R$ 4,0620 para venda, reagindo ao otimismo global com a trégua na guerra comercial entre Estados Unidos e China após o anúncio de um acordo preliminar na sexta-feira, o que levou o mercado ao apetite ao risco. Dados da China também ajudam o melhor comportamento de moedas de países emergentes.

“A moeda operou majoritariamente em queda apoiada pelo bom humor global diante do entusiasmo do investidor com o fechamento da fase um do acordo entre os Estados Unidos e a China, na sexta-feira”, comenta o diretor superintendente de câmbio da Correparti, Jefferson Rugik.

Ele acrescenta que ajudou no movimento de valorização das moedas ligadas às commodities, os números melhores que o esperado da produção industrial e das vendas do varejo da China em novembro. Já o diretor da corretora Mirae Asset, Pablo Spyer, reforça que um conjunto de “boas notícias” levou o risco País, medido pelos swaps de default de crédito (CDS, na sigla em inglês) a operar abaixo de 100 pontos. “O que também contribuiu para a quedado dólar”, diz.

Amanhã, na agenda de indicadores, o destaque é a ata da última reunião no Comitê de Política Monetária (Copom), na semana passada, no qual deverá trazer pistas sobre os próximos passos do Banco Central (BC) no ano que vem.

“O dólar deve continuar nesse viés de queda se não tiver nenhuma notícia negativa ou alguma mensagem do presidente [norte-americano] Donald Trump, principalmente, a respeito da guerra comercial”, comenta a analista da Toro Investimentos, Luana Nunes. Ainda na agenda, ela acrescenta que os indicadores da produção industrial nos Estados Unidos também podem mexer com o mercado.