Bolsa sobe puxada por Petrobras e varejistas; dólar cai

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São Paulo – O Ibovespa operou praticamente todo o dia no terreno positivo, com exceção do início da abertura dos negócios que oscilou um pouco entre perdas e ganhos, e ultrapassou os 124 mil pontos, a maior pontuação desde 8 de janeiro devido à valorização dos papéis da Petrobras e do setor varejista. O principal índice da B3 encerrou com ganho de 1,17%, aos 124.031,62 pontos. A máxima interdiária foi de 124.167,01 pontos. O giro financeiro atingiu R$28,4 bilhões.

Os investidores seguem acompanhando os discursos dos membros do Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano), que podem dar sinais para a retirada dos estímulos à economia norte-americana. Às 18h30 (horário de Brasília), fala a presidente e chefe- executiva do Bank of Kansas Ciy, Esther George.

A equipe de analistas da Ativa Investimentos afirmou que a “Bolsa ultrapassou a dos 123 mil pontos puxada pelas ações ligadas ao petróleo e pelo setor varejista”. Desde o meio da manhã, os papéis das empresas ligadas ao varejo, principalmente Magazine Luiza, Lojas Americanas e Via (ex-Via Varejo) estão contribuindo para a boa performance do Ibovespa.

Os analistas da Terra Investimentos comentam que o mercado acionário no Brasil “acompanha a recuperação das bolsas internacionais com uma agenda repleta de indicadores [que serão divulgados durante a semana], que mantém no radar a discussão sobre inflação global em que o Federal Reserve deve começar a reduzir as compras de ativos nos Estados Unidos”.

Os papéis das varejistas como Magazine Luiza (MGLU3), Via (VVAR3) e Lojas Americanas (LAME4), que subiram 7,93% 4,97%e 5,52% respectivamente. “As varejistas estavam bem defasadas e ainda podem melhor o desempenho até o final do mês”, ressaltam os analistas da Terra Investimentos.

A alta das varejistas é atribuída à possibilidade de prorrogação do auxílio emergencial, além do “forte ganho das ações do Banco Inter com a proposta da Stone [empresa de maquininhas] para a entrada na base acionária da empresa”, afirmam os analistas da Terra Investimentos. As ações do Banco Inter (BIDI11) avançaram para mais de 15%.

Os papéis da Petrobras (PETR3 e (PETR4) também apresentaram ganho de 1,02% e 1,69% com a alta do petróleo em 3,71%. “O Irã disse que ainda existem diferenças entre as partes e estariam buscando um acordo nuclear”. O Irã tem sido um tema recente sobre a questão do petróleo, enfatiza o estrategista da Genial Investimentos.

No exterior, o dia também foi de otimismo com as empresas de tecnologias puxando as bolsas. Nasdaq avançou 1,41%; Dow Jones subiu 0,54% e S&P 500 valorizou 1,16%.

Por aqui, os analistas da Ativa Investimentos pontuaram que a possível terceira onda da covid-19 preocupa os investidores, da mesma forma como a disseminação da cepa indiana pelos estados.

O dólar comercial fechou em queda de 0,54% no mercado à vista, cotado a R$ 5,3250 para venda, em sessão de volatilidade e acompanhando a busca por risco que prevaleceu no exterior, levando a moeda norte-americana a perder valor para os pares e as principais divisas emergentes, com o rendimento das taxas futuras dos títulos do governo norte-americano, as treasuries, seguindo o desempenho negativo no pregão.

O gerente da mesa de câmbio da Correparti, Guilherme Esquelbek, reforça que o apetite por risco no exterior, em meio ao recuo das treasuries, e uma realização de lucros após a forte alta na sexta-feira levaram o dólar a recuar na sessão em uma sessão de poucos negócios e fraca amplitude.

Para o chefe da mesa de câmbio da Terra Investimentos, Vanei Nagem, o cenário externo “melhorou um pouco” e é mais otimista. Enquanto aqui, os rumores de que o governo estaria articulando uma possível extensão do pagamento do auxílio emergencial até o fim do ano agradou o mercado.

“O governo mantendo o auxílio, coloca dinheiro no mercado e ajuda a ativar a economia, sem foco em como financiar o benefício porque há espaço para isso. O foco é ativar a economia”, destaca, acrescentando que nos bastidores em Brasília, há articulação para a aprovação de alguma reforma, como a tributária. Já a administrativa deve ser pauta no Congresso nas próximas semanas.

Amanhã, na agenda de indicadores, o destaque fica para a prévia da inflação oficial doméstica em maio, com o mercado esperando alta de 0,54% do IPCA-15, segundo o Termômetro CMA, e com investidores estrangeiros atentos à semana de declarações de dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano).

“O otimismo deve continuar amanhã, mas com o mercado atento ao Fed porque o que mais preocupa hoje é a inflação nos Estados Unidos, com investidores acompanhando de perto sobre isso”, diz.

As taxas dos contratos de juros futuros (DIs) fecharam em alta com os investidores reagindo a notícias referentes a discussões sobre a extensão do auxílio emergencial a famílias de baixa renda afetadas pela pandemia. Apesar de terem para cima praticamente durante todo o pregão, as taxas oscilaram dentro de faixas bastante estreitas.

Com isso, o DI para janeiro de 2022 encerrou o dia com taxa de 5,045%, de 5,000% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 6,80%, de 6,75%; o DI para janeiro de 2025 ia a 8,27%, de 8,19% antes; e o DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 8,86%, de 8,78%, na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações norte-americano terminaram a primeira sessão da semana em alta, liderados pela recuperação dos setores de tecnologia e comunicação, com os investidores mais confortáveis com as perspectivas de inflação e o ritmo da recuperação econômica.

Confira a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos no fechamento:

Dow Jones: +0,54%, 34.393,98 pontos

Nasdaq Composto: +1,41%, 13.661,20 pontos

S&P 500: +0,99 %, 4.197,05 pontos