Bolsa sobe puxada por commodities e dólar cai

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São Paulo – O Ibovespa reduziu ganhos e não conseguiu sustentar os 111 mil pontos atingidos na máxima do dia, mas ainda fechou em alta de 0,31%, aos 110.575,47 pontos, puxado por empresas exportadoras de commodities, em um pregão de liquidez mais fraca em função do funcionamento reduzido de Bolsas norte-americanas durante a Black Friday. O volume total negociado foi de R$ 26,6 bilhões.

Na semana, o índice encerrou com ganhos de 4,27%, na quarta semana seguida de valorização, aproximando-se de encerrar o mês de novembro com forte alta. Até hoje, novembro acumula ganhos de 17,69%, o que reduziu a queda acumulada durante o ano para menos de 5%, depois do forte impacto causado pela pandemia de coronavírus.

Para o estrategista-chefe da Levante Investimentos, Rafael Bevilacqua, apesar da liquidez internacional ainda reduzida devido ao funcionamento abreviado em Wall Street, a sessão se mostrou positiva.

“O Brasil tem todas as condições de surfar numa onda mais positiva que vem do exterior, especialmente, quando as expectativas em relação às vacinas se tornarem realidade. Mesmo com todas as incertezas em relação à questão fiscal e ao ritmo de crescimento, o País voltou a atrair capital externo para o mercado”, disse, em relatório.

Entre as maiores altas do Ibovespa focaram as ações do setor de papel e celulose, Suzano (SUZB3 3,98%) e Klabin (KLBN11 3,67%), além dos papéis do setor de construção, Eztec (EZTC3 5,99%) e Cyrela (CYRE3 3,57%). Os papéis de exportadoras de commodities, como a Suzano têm um dia positivo após dados que mostram recuperação da economia chinesa, o que traz expectativas de aumento de demanda e de preços no setor. Segundo relatório do BTG Pactual, os preços de papel e celulose na China já subiram.

Na contramão, as maiores quedas do índice foram da Cogna (COGN3 -3,92%), Via Varejo (VVAR3 -3,74%) e do IRB Brasil (IRBR3 -3,74%).

Na próxima semana, a agenda econômica trará uma nova rodada de indicadores importantes, como PMI industriais e de serviços da China, zona do euro e Estados Unidos, além de dados do mercado de trabalho norte-americano.

“Fatores de influência no mercado financeiro global continuarão sendo a eventual aprovação de um novo programa de estímulo nos Estados Unidos e notificações sobre o avanço do covid-19 no mundo, além do desenvolvimento da vacina”, disse o analista da Mirae Asset Corretora, Pedro Galdi.

O dólar comercial fechou em queda de 0,18% no mercado à vista, cotado a R$ 5,3270 para venda, em sessão de forte volatilidade, poucos negócios e baixa liquidez em meio ao funcionamento reduzido do mercado financeiro dos Estados Unidos na volta do feriado de ação de graças. Aqui, o movimento volátil foi influenciado por cautela com o cenário doméstico e fluxo local.

O diretor da Correparti, Ricardo Gomes, destaca o movimento volátil ao longo da sessão no qual, em boa parte dos negócios, a moeda operou em alta “amparada nas recorrentes incertezas” em relação à delicada condição fiscal do país. “Fechou em queda descolado do exterior em movimento de aparente tranquilidade, devido a liquidez reduzida nos negócios com o feriado prolongado nos Estados Unidos”, comenta. Hoje, as bolsas de Nova York fecharam às 15 horas.

A moeda estrangeira fechou a semana com queda de 1,13%, no segundo recuo semanal seguido, influenciado por uma entrada forte de capital externo na bolsa de valores, acumulando no mês até o dia 25 saldo positivo de R$ 29,9 bilhões. Além das notícias sobre o desenvolvimento da vacina contra o covid-19.

“Já há expectativas de que um movimento de vacinação em massa se inicie em breve na Europa e nos Estados Unidos. Esse sentimento minimizou a preocupação do forte crescimento de novos casos da doença no mundo”, avaliam os economistas da corretora Mirae Asset.

Na semana que vem, carregada de indicadores do mercado de trabalho e de atividade na China, nos Estados Unidos e na Europa, o economista da Toro Investimentos, Victor Lima, pondera que a tendência da moeda é operar volátil, com possibilidade de correção voltando a operar abaixo do nível de R$ 5,30.

“Isso na expectativa por avanços nos testes de vacina contra o novo coronavírus e com uma nova rodada de tratativas para aprovação de estímulo fiscal nos Estados Unidos”, diz. Os analistas do Bradesco acrescentam que, quanto aos dados do mercado de trabalho dos Estados Unidos em novembro, ajudarão a avaliar a força da economia norte-americana no quarto trimestre, conforme crescem os casos de covid-19 e aumentam as medidas de restrição.

As taxas dos contratos de juros futuros (DIs) encerraram a sessão em queda, a despeito do comportamento errático do dólar. Os investidores aproveitaram o clima menos hostil dentro do governo para devolver parte dos prêmios embutidos recentemente, ao mesmo tempo em que digeriram os dados econômicos do dia para calibrar as expectativas sobre a Selic. Mas a baixa liquidez marcou o pregão, por causa do feriado nos Estados Unidos ontem.

Ao final da sessão regular, o DI para janeiro de 2022 ficou com taxa de 3,27%, de 3,31% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 terminou projetando taxa de 4,93%, de 5,01% após o ajuste ontem; o DI para janeiro de 2025 encerrou em 6,70%, de 6,82%; e o DI para janeiro de 2027 ficou com taxa de 7,49%, de 7,60%, na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em campo positivo, com o índice do S&P 500 quebrando um recorde de pontos histórico. A alta acumulada da semana refletiu o otimismo renovado dos acionistas com a possibilidade de vacinas eficazes em breve contra o novo coronavírus e a estabilização crescente da política norte-americana.

Confira a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos no fechamento:

Dow Jones: +0,13%, 29.910,37 pontos

Nasdaq Composto: +0,92%, 12.205,84 pontos

S&P 500: +0,23%, 3.638,35 pontos