Bolsa sobe puxada por ações da Petrobras, e dólar rompe três altas e fecha em queda

676

Por Danielle Fonseca e Flavya Pereira

São Paulo – Após oscilar entre altas e baixas pela manhã, o Ibovespa fechou no azul pelo segundo dia seguido, com ganhos de 0,54%, aos 108.290,09 pontos, amparado pela virada das ações da Petrobras e pela melhora de ações de bancos. Os papéis do setor financeiro mostraram alguma volatilidade ao longo do pregão digerindo o impacto das mudanças nas regras do cheque especial.

O dia, porém, foi de liquidez reduzida na B3 em função do feriado do Dia de Ação de Graças nos Estados Unidos, que manteve as Bolsas do país fechadas. O volume total negociado hoje foi de R$ 12,7 bilhões.

“As ações de bancos inibiram uma alta maior do Ibovespa hoje e também tivemos alguns ajustes, já que amanhã é o último pregão do mês, tem vencimento de contratos. Além disso, tivemos baixa liquidez em função do feriado”, disse a analista da Toro Investimentos, Luana Nunes.

Depois de abrirem com quedas mais expressivas, os papéis de bancos reduziram perdas ao longo do dia, com as ações do Banco do Brasil (BBAS3 0,42%) passando a subir. Os papéis refletiram as mudanças nas regras do cheque especial, que terá sua taxa de juros limitada a até 8% ao mês. Porém, analistas seguem avaliando os efeitos de decisão e, embora possa existir impacto negativo no lucro dos bancos, eles poderão cobrar tarifas para o cliente acessar o cheque especial, o que minimiza perdas.

Já as ações preferenciais da Petrobras (PETR4 0,03%), que chegaram a cair mais de 1% mais cedo, fecharam em alta após a divulgação do plano estratégico de 2020-2024. Embora a reação inicial tenha sido negativa, analistas consideraram o plano como positivo em geral, dando sinalizações de grande redução de endividamento. O diretor de investimentos da SRM Asset, Vicente Matheus Zuffo, afirma, no entanto, que houve a leitura de que talvez a meta de produção teria que ter sido mais forte para suportar os investimentos anunciados.

O dia ainda foi positivo para ações de varejistas, como da Via Varejo (VVAR3 3,87%), que refletiram expectativas positivas para a Black Friday e fecharam entre as maiores altas do Ibovespa. Ainda entre as maiores altas ficaram as ações da Yduqs (YDUQ3 4,80%), da Gol (GOLL4 3,92%), que refletiu a maior queda do dólar hoje, e da JBS (JBBS3 3,80%), que segue refletindo um bom momento para o setor com maior demanda e preços mais elevados de proteínas.

Já entre as maiores perdas ficaram as ações da Gerdau (GGBR4 -1,44%), do Santander (SANB11 -1,76%) e do Bradespar (BRAP4 -1,75%).

Amanhã, último pregão de novembro, o dia pode ser novamente de liquidez um pouco mais fraca, já que as Bolsas norte-americanas têm funcionamento reduzido em função do feriado, fechando às 15h. Para Nunes, pode ocorrer volatilidade em função de ajustes de fim de mês.

O dólar comercial fechou em queda de 0,98% no mercado à vista, cotado a R$ 4,2160 para venda, e rompeu uma sequência de três altas seguidas que resultaram em recordes sucessivos de valor nominal da moeda estrangeira. A sessão, marcada pela liquidez reduzida em meio ao feriado de ação de graças nos Estados Unidos, iniciou com a intervenção do Banco Central (BC) anunciada ontem após o fechamento do pregão no qual colocou US$ 1,0 bilhão de dólares no mercado à vista.

 “A mão firme do BC foi a principal responsável por essa tendência ao longo do dia com o leilão de dólar ‘puro’. Isso ajudou a moeda a transitar nas mínimas do dia, em um movimento totalmente descolado do exterior”, comenta o diretor superintendente de câmbio da Correparti, Jefferson Rugik.

Na segunda parte dos negócios, a moeda intensificou a queda renovando máximas sucessivas após Secretaria de Comércio Exterior do Ministério da Economia alegar que houve erros no cálculo das exportações da balança comercial em novembro. Com isso, o total exportado neste mês até o dia 24 aumentou de US$ 9,681 bilhões para US$ 13.498 milhões, e o saldo comercial acumulado no mês passou de déficit de US$ 1,099 bilhão para um superávit de US$ 2,717 bilhões.

O operador de mesa de uma corretora local ressalta que a revisão dos dados da balança comercial brasileira ajudou na queda mais intensa da moeda no meio da tarde, o que levou o dólar a renovar mínimas sucessivas a R$ 4,2140 (-1,03%). “Além de uma correção após três pregões de máximas históricas”, acrescenta a analista da Toro Investimentos, Luana Nunes.

Dando continuidade ao movimento de liquidez reduzida já que o mercado financeiro norte-americano vai operar em horário reduzido, amanhã, é o último pregão do mês e tem a tradicional disputa pela formação de preço da taxa Ptax – média das cotações apuradas pelo Banco Central (BC).

“O que deve provocar forte volatilidade na primeira parte dos negócios. Mas se o BC entender que deve entrar, ele vai entrar no mercado. O investidor local segue atento às atuações da autoridade monetária”, diz a analista.