Bolsa sobe em dia volátil de olho em inflação dos EUA; dólar cai

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São Paulo – O Ibovespa operou praticamente toda a sessão entre altas e baixas e oscilando no patamar entre 123 mil pontos e 124 mil pontos. Perto do fechamento engatou uma ligeira alta encerrando os negócios com ganho de 0,30%, aos 124.366,57 e com volume financeiro de R$ 45,9 bilhões.

Pela manhã, os investidores repercutiram os dados econômicos dos Estados Unidos e mantiveram cautela com a possibilidade de aumento da inflação norte-americana. Para amanhã esperam os dados da inflação dos Estados Unidos (PCE, sigla em inglês).

Na avaliação de Caio Kanaan Eboli, sócio e diretor operacional da mesa proprietária Axia Investing, a indefinição na Bolsa é atribuída “à cautela dos investidores em meio a um possível aumento da inflação norte-americana e pela espera da segunda revisão do PIB”.

Em Nova York, as bolsas fecharam em sentido misto e os investidores reagiram ao resultado do Produto Interno Produto (PIB) no primeiro trimestre, número de auxílio desemprego e pedidos de bens duráveis. O resultado das encomendas de bens duráveis saiu mais fraco, contribuindo com a tese do Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano) que a economia necessita de estímulos ainda por um período mais longo, afirmou uma fonte.

Os indicadores divulgados nesta manhã mostraram que a economia norte-americana continua se recuperando. O Produto Interno Bruto (PIB) nos Estados Unidos cresceu 6,4% à taxa anualizada no primeiro trimestre e ficou abaixo das expectativas dos analistas, de +6,6%. Já os pedidos de auxílio desemprego no país caíram em 38 mil para 406 mil, na semana encerrada em 22 de maio, após registrar 444 mil na semana anterior. A previsão era de 425 mil solicitações. Já as encomendas de bens duráveis, que recuaram 1,3% em abril ante março, acabaram contrariando as expectativas dos analistas, que esperavam alta de 0,9%.

O analista Rodrigo Friedrich, da Renova Invest ressalta que “o mercado fica totalmente apreensivo porque o Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano) continua divergindo das opiniões de alguns de seus dirigentes sobre a política monetária do país”. Vários integrantes do Fed têm discursado ao longo da semana sobre a política monetária da instituição.

Alguns acreditam que deve parar com os estímulos à economia devido à inflação e outros enxergam na manutenção a política acomodatícia, afirma Friedrich.

Para a analista Bruna Amalcaburio, da Top Gain, a Bolsa está muito volátil porque se aproxima do topo histórico, batendo perto dos 126 mil pontos [o maior nível de pontuação foi em 8 de janeiro, aos 125.323,53 pontos e o índice futuro 126.688 pontos]. “Há bastante indecisão no mercado, principalmente porque temos Vale (VALE3) e mineradoras subindo e os bancos estão fazendo hoje um movimento de correção”.

Pelo segundo dia consecutivo, as ações da Vale (VALE3) subiram 0,71% e os papéis do setor financeiro, como Itaú (ITUB4) operaram em queda toda a sessão e fecharam com recuo de 0,85%. Já os papéis do Bradesco (BBDC3 e BBDC4) registraram retração durante quase todo o pregão e no final mudaram de direção e encerraram com ganho de 0,30% e 0,60%, respectivamente. O Banco Inter (BIDI4) perderam mais de 1%.

O dólar comercial fechou em queda de 1,07% no mercado à vista, cotado a R$ 5,2550 para venda, no menor valor de fechamento em uma semana, em meio ao ambiente doméstico mais positivo com a entrada de fluxo local, descolado do exterior, onde a moeda norte-americana trabalhou de lado após a divulgação de indicadores dos Estados Unidos, enquanto as divisas de países emergentes trabalharam mistas e a maioria perdeu terreno para o dólar.

O gerente da mesa de câmbio da Correparti, Guilherme Esquelbek, destaca que a moeda estrangeira operou “de lado” no exterior, após a divulgação de dados nos Estados Unidos, como a leitura revisada do Produto Interno Bruto (PIB), que cresceu 6,4% no primeiro trimestre do ano, não havendo alteração em relação à leitura preliminar do indicador. O resultado, porém, ficou abaixo das previsões dos analistas, de +6,6%.

Ele acrescenta que, além de acompanhar a fragilidade do dólar lá fora, um fluxo de entrada de investidores estrangeiros na bolsa brasileira, a B3, e o anúncio da agência de classificação de risco Fitch, que manteve o mesmo nível no rating do país, em BB- com perspectiva negativa, foi “o conjunto” para a divisa acelerar as perdas e cair abaixo de R$ 5,25 na segunda parte dos negócios.

O diretor da Amaril Franklin, Fernando Franklin, reforça que “a falta de notícias negativas” no cenário doméstico contribuiu para a queda do dólar na sessão. “Enquanto lá fora, o mercado trabalhou à espera do resultado de abril do PCE [índice de preços para os gastos pessoais norte-americano]”, comenta.

O indicador é destaque na agenda de indicadores amanhã e, segundo Franklin, é um dado importante para avaliar e calibrar as expectativas da economia norte-americana. “O resultado pode dar um norte um pouco melhor sobre a inflação nos Estados Unidos e como o Fed [Federal Reserve, o banco central norte-americano] responderá a isso e quais serão os próximos passos que eles vão adotar”, diz. A previsão é de queda de 14,0% para os dados de renda, mas alta de 0,5% para os gastos pessoais.

Aqui, à véspera do fim de semana e do fim do mês, o mercado segue atento ao número de maio do Indice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), divulgado pela FGV, além dos desdobramentos em torno das reformas administrativa e tributária.

As taxas dos contratos de juros futuros (DIs) fecharam em queda em reação ao resultado, divulgado no fim da manhã, do primeiro leilão de títulos públicos realizado pelo Tesouro Nacional após a revisão do Plano Anual de Financiamento (PAF), anunciada ontem.

O recuo foi mais acentuado nos vencimentos mais longos diante da demanda integral pelos títulos ofertados. Nos vértices mais curtos, as taxas foram pressionadas principalmente pelos mais recentes dados sobre o desemprego no país.

Os principais índices do mercado de ações norte-americano terminaram o dia em alta, após uma série de dados positivos reforçarem a percepção de fortalecimento da economia dos Estados Unidos. A exceção foi o Nasdaq, que encerrou a sessão perto da estabilidade, com leve variação negativa.

Confira a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos no fechamento:

Dow Jones: +0,41%, 34.464,64 pontos

Nasdaq Composto: -0,01%, 13.736,30 pontos

S&P 500: +0,11%, 4.200,88 pontos