Bolsa sobe e vai aos 80 mil pontos; dólar recua a R$ 5,74

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São Paulo – O Ibovespa conseguiu se firmar nos 80 mil pontos, encerrando o pregão de hoje em alta de 2,74% aos 80.263,35 pontos. O índice foi influenciado por um ambiente externo mais favorável com a garantia do acordo entre Estados Unidos e China, além da recuperação das ações dos bancos e o bom desempenho dos papéis da Petrobras e Vale.

“Mercado opera aliviado com a diminuição das tensões entre Estados Unidos e China, para fazer valer de forma mais leve as relações comerciais na sua primeira fase”, afirmou Alvaro Bandeira, economista-chefe do banco digital Modalmais, em transmissão no canal do banco no YouTube.

“Por aqui, ainda temos a postura de esperar passar definitivamente os 80 mil pontos e ir buscar os 83 mil pontos para dar maior consistência ao mercado. A covid-19 também agrega um pouco de tensão, já que por aqui batemos recorde de novo, com 610 óbitos”, explicou Bandeira.

“Hoje os bancos estão puxando o índice. Petrobras e Vale também ajuda. Petrobras sobe de olho na alta do preço do petróleo tipo Brent, que segue subindo. Bancos estão com preço atrativos. As ações dos bancos, em dólar, estão nos níveis de 2005 e 2006 e isso é coisa difícil de ver. Os investidores devem estar vendo um preço atrativo nessas ações. Lembrando que os bancos são as empresas mais lucrativas da Bolsa”, disse Gabriel Machado, analista da Necton.

As ações ordinárias da Petrobras (PETR3) subiram 7,26%, enquanto o papel preferencial da Petrobras (PETR4) avançou 5,96%. As ações ordinárias da Vale (VALE3) registraram valorização de 6,23%.

Já entre as ações dos bancos, a preferencial da Petrobras (PETR4) teve alta de 5,36%, enquanto a ação ordinária da instituição financeira (BBDC3) encerrou com avanço de 5,22%. O papel preferencial do Itaú Unibanco (ITUB4) subiu 5,15%, enquanto a unit do Santander (SANB11) teve ganho de 4,58% e a ação On do Banco do Brasil (BBAS3), valorizou 4,03%.

“Tem vários outros papéis caindo também, como o setor de varejo e ações mais ligadas a economia. Mesmo com a queda nos juros, esses setores foram mal porque investidores ainda estão desconfiados com questões políticas e isolamento social”, acrescentou Machado.

O dólar comercial fechou em queda de 1,57% no mercado à vista, cotada a R$ 5,7440 para venda, interrompendo uma sequência de cinco altas e dois pregões de recordes seguidos, com o ambiente mais positivo no exterior em meio ao arrefecimento da tensão entre Estados Unidos e China e com dados do relatório de emprego dos Estados Unidos, payroll, abaixo do esperado. Na semana, porém, a moeda teve valorização de 5,64%.

“Exibindo a costumeira volatilidade, no modo gangorra, a moeda teve como principal catalizador a notícia da retomada das negociações comerciais entre norte-americanos e chineses, o que acabou animando investidores que foram em busca de risco, principalmente, após a divulgação do payroll que não vieram tão ruins como o esperado”, comenta o diretor superintendente de câmbio da Correparti, Jefferson Rugik.

Ele acrescenta que a mínima do dia, a R$ 5,72, chamou importadores e tesourarias de bancos para a compra da divisa, enquanto durante à tarde, a moeda teve um comportamento lateral, exibindo recuperação.

Na semana, além da agência de classificação de risco Fitch Ratings afirmar a nota de crédito do Brasil em ‘BB-‘, mas revisar a perspectiva do rating para negativa, em razão da deterioração do quadro econômico e fiscal do país, o Comitê de Política Monetária (Copom) cortou a taxa de juros pela sétima vez seguida, com a Selic passando de 3,75% para 3,0% ao ano, além do Banco Central (BC) sinalizar que deverá seguir com os cortes na próxima reunião, em junho, o que levou a divisa estrangeira às máximas históricas acima de R$ 5,87 ontem.

“O Comitê reforçou os efeitos retardantes do novo coronavírus às economias globais, além de destacar o cenário mais desafiador para países emergentes por conta de um movimento generalizado de ‘flight to quality'”, comenta o estrategista-chefe da Levante, Rafael Bevilacqua.

Sobre a cotação da moeda em patamares históricos e com apostas de que deverá chegar aos R$ 6,00 no curto prazo, o economista-chefe da Necton Corretora, André Perfeito, avalia que alguns motivos conspiram para um dólar mais forte, para além da queda de juros.

“A queda de preço das commodities, que faz a inflação cair e isso força juros para baixo. Além disso, com a queda dessas mercadorias, o Brasil é visto de maneira pior, uma vez que somos entendidos como um exportador dessas, refletindo em um saldo comercial ruim”, diz.

Perfeito acrescenta a situação política “delicada”, o quadro fiscal incerto e a “desorganização” nas medidas de combate à pandemia do novo coronavírus. “O que se reflete numa demora adicional à volta da normalidade. Tudo isso conspira para um real mais fraco no curto e médio prazo”, ressalta.

Na semana que vem, o destaque na agenda de indicadores fica para os dados de atividade com foco em vendas no varejo e inflação nos Estados Unidos, na China e aqui, além da ata do Copom. “A reunião entre Estados Unidos e China, diante do recente recrudescimento de tensões comerciais entre eles, também será destaque”, diz a equipe econômica do Bradesco.