Bolsa sobe e dólar fica estável com possível acordo entre Estados Unidos e China

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Por Danielle Fonseca e Flavya Pereira

São Paulo – O Ibovespa fechou em alta pelo segundo pregão seguido, com ganhos de 1,11%, aos 108.692,28 pontos, sustentado pelo tom mais otimista no cenário externo, depois de declarações dos presidentes dos Estados Unidos, Donald Trump, e da China, Xi Jinping, sobre um acordo comercial. O volume total negociado foi de R$ 16,8 bilhões.

Ibovespa fechou em alta pelo segundo pregão seguido, com ganhos de 1,11%, aos 108.692,28 pontos, sustentado pelo tom mais otimista no cenário externo, depois de declarações dos presidentes dos Estados Unidos, Donald Trump, e da China, Xi Jinping, sobre um acordo comercial. O volume total negociado foi de R$ 16,8 bilhões.

Ontem, relatórios de bancos recomendando o mercado de ações brasileiro para 2020 também ajudaram investidores voltarem a ficar mais animados, o que fez o Ibovespa encerrar a semana com valorização de 2%.

“Saiu uma notícia afirmando que Trump disse que estão mais perto de um acordo e isso ajudou a melhorar os mercados. Mas o Ibovespa já estava com cara de que ia melhorar ao longo do dia, a tendência segue de alta”, disse o economista-chefe do banco digital Modalmais, Alvaro Bandeira. Para o economista, apesar dos ruídos nas últimas semana e do que acredita ser um “jogo de cena” entre os dois países, eles caminham para assinar a primeira fase de um acordo.

Em entrevista para o canal norte-americano “Fox” hoje, Trump afirmou que os dois países estão potencialmente perto de um acordo e que Xi não quis arriscar por Hong Kong. Esta semana, congresso norte-americano aprovou leis que apoiam as manifestantes, o que poderia desagradar o governo chinês. Já Xi disse, em um fórum econômico em Pequim, que seu país quer “trabalhar em um acordo” com os Estados Unidos para resolver a guerra comercial. Os chineses também teriam convidado os norte-americanos para mais uma rodada de conversas presenciais.

Entre as ações, as maiores altas do Ibovespa foram da Azul (AZUL4 4,06%), da Via Varejo (VVAR3 3,84%) e da Qualicorp (QUAL3 3,88%). As ações da Vale (VALE3 3,10%) também ficaram entre as maiores altas e ajudando a sustentar o Ibovespa, refletindo a alta dos preços do minério de ferro. 

Na contramão, as maiores baixas foram da JBS (JBSS3 -1,68%), da Cyrela (CYRE3 -1,53%) e da Marfrig (MRFG3 -1,66%).

Na semana que vem, além do foco continuar na guerra comercial, principalmente diante de uma agenda política doméstica mais esvaziada, investidores devem acompanhar a divulgação de indicadores como o PIB dos Estados Unidos e o Livro Bege. No entanto, a semana mais curta no mercado norte-americano, que ficará fechado na quinta-feira em função do Dia de Ação de Graças e terá funcionamento reduzido na sexta-feira, pode reduzir a liquidez da Bolsa brasileira.

“O quadro internacional está um pouco mais suave, o que abre expectativa boa, investidores estrangeiros podem começar a mudar um pouco a mão. Aqui as outras reformas vão sendo empurradas com a barriga para 2020, mas tenho a impressão que vão andar e sigo otimista com o Ibovespa neste fim de ano”, disse Bandeira.

O dólar comercial fechou estável no mercado à vista, cotado a R$ 4,1940 para venda, em sessão volátil marcada por declarações mais otimistas do presidente dos Estados Unidos a respeito da guerra comercial e com investidores locais à espera do fim de semana e correção após as fortes altas ao longo da semana.

“A moeda operou descolada do exterior por quase todo o pregão reagindo mais às declarações do presidente dos Estados Unidos [Donald Trump] reafirmando disposição mútua para um acordo comercial com a China foi um dos motivos dos investidores por ativos de risco”, comenta o gerente de mesa de câmbio da Correparti, Guilherme Esquelbek.

Esquelbek destaca um movimento técnico no mercado doméstico que corroborou para a moeda se descolar do exterior. “Foi verificado nas mesas de alguns bancos um fundo que estava vendendo dólar. Por isso, a moeda operou em queda descolada lá de fora”, destaca.

Em semana encurtada com o feriado doméstico na quarta-feira, o dólar encerrou com leve alta de 0,07%. Além da baixa liquidez no mercado local, o vai e vem de informações nas negociações comerciais entre Estados Unidos e China provocou forte volatilidade na moeda. Isso refletiu em forte avanço da moeda que fechou na maior cotação nominal da história, a R$ 4,2030 para venda no mercado à vista na segunda-feira (18).

“As notícias desta semana trouxeram dúvidas quanto ao fechamento da ‘fase1’ do acordo entre os dois países. A aversão ao risco nos mercados levou ao fortalecimento do dólar ante outras moedas, pressionando inclusive o real que segue em nível mais depreciado nas últimas semanas”, comenta a equipe econômica do Bradesco.

Na próxima semana, a redução da liquidez será global com o feriado nos Estados Unidos no fim da semana. Porém, antes, a semana será marcada por indicadores de atividade como a segunda leitura do Produto Interno Bruto (PIB) norte-americano no terceiro trimestre do ano. Há também a divulgação do Livro Bege e de números de renda e gastos pessoais. Aqui, o destaque será os números do mercado de trabalho.

Analistas do Bradesco ressaltam que investidores seguirão atentos ao andamento das negociações comerciais entre norte-americanos e chineses. “Com a aproximação da data de incidência de novo aumento de tarifas de importação de produtos chineses [prevista para 15 de dezembro], o mercado continuará atento ao tema”, ressaltam.