Bolsa sobe e dólar cai na expectativa por resultado da eleição nos EUA

885

São Paulo – O Ibovespa encerrou em alta pelo segundo pregão seguido, com ganhos de 1,96%, aos 97.866,81 pontos, acompanhando as fortes altas das Bolsas norte-americanas e as expectativas de que o candidato democrata Joe Biden possa ganhar as eleições presidenciais no país. Porém, o presidente Donald Trump já disse que contestará o resultado, pedindo recontagens e paralisações de apurações em alguns estados, trazendo mais incertezas ao cenário.

Os papéis do Itaú Unibanco também puxaram a alta do Ibovespa hoje, já que têm grande peso no índice e reagiram positivamente à notícia de que o banco estuda criar uma nova companhia com a sua fatia na XP. O volume total negociado foi de R$ 32,8 bilhões.

Segundo o sócio da DNAinvest, Leonardo Ramos, a esperança é que com Biden, os estímulos econômicos para combater a crise causada pela pandemia do coronavírus possam ser maiores. Os democratas queriam um pacote maior do que o previsto pelos republicanos, na ordem de US$ 2 trilhões, o que ajudou a candidatura de Biden ser vista com melhores olhos pelo mercado do que no início da corrida eleitoral.

“Mas esse cenário de o Trump pedir recontagem, era o grande temor e os mercados não sentiram. Talvez venha depois esse sentimento de cautela”, alertou Ramos.

O sócio da Criteria Investimentos, Vitor Miziara, também faz alertas e acredita que todos os cenários que estão se desenhando agora ainda podem ser negativos para a economia e para os mercados.

“O Biden teria dificuldades com um Senado republicano e outro cenário possível é a eleição ser contestada. O Trump já se declarou vitorioso antes do resultado e já falou que vai contestar o resultado na Suprema Corte. Nesse caso, o grande problema é que poderia demorar ainda mais para sair um resultado, o que traz um nível de incerteza muito grande e atrasa ainda mais um pacote”, disse.

Biden está na frente no momento e a disputa, agora, se concentra em estados-chave, como Michigan, Wisconsin e Pensilvânia. No Wisconsin, veículos de imprensa apontam que Biden já ganhou, mas a campanha de Trump disse que assim que acabar a apuração pedirá a recontagem no estado, já que a margem entre os candidatos pode ficar entre 1% ou menos. Trump ainda deve fazer os votos no Michigan e na Pensilvânia virarem alvo de disputas judiciais, ao pedir a paralisação da contagem.

Entre as ações, as maiores altas do Ibovespa foram da B2W (BTOW3 6,59%), da Cyrela (CYRE3 7,26%) e da Lojas Renner (LREN3 6,96%). Os papéis do Itaú Unibanco (ITUB4 3,99%), que têm grande peso no índice, também mostraram fortes altas depois que o banco afirmou que pretende transformar seu investimento da XP em uma nova companhia e vender a sua fatia restante na corretora.

Na contramão, as maiores quedas foram da CSN (CSNA3 -4,24%), da Gerdau (GGBR4 -3,88%) e da Gerdau Metalúrgica (GOAU4 -3,75%), que haviam registrados fortes ganhos ontem.

Amanhã, além de continuar repercutindo as eleições, investidores devem ficar atentos a reunião de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) e a indicadores como os pedidos de seguro-desemprego nos Estados Unidos, que podem adicionar mais volatilidade aos mercados.

O dólar comercial fechou em forte queda de 1,83% no mercado à vista, cotado a R$ 5,6570 para venda, na maior queda percentual desde 28 de agosto, em sessão de espera pelo resultado da eleição presidencial nos Estados Unidos, no qual a apuração foi iniciada ontem. Apesar de apertada, a ligeira vantagem do candidato democrata, Joe Biden, animou os mercados de países emergentes, mesmo diante a possibilidade de judicialização do processo eleitoral.

Para o diretor superintendente de câmbio da Correparti, Jefferson Rugik, o dólar renovou mínimas sequenciais – a R$ 5,64 – em meio às avaliações de analistas de que o resultado mais provável da eleição seria a vitória de Biden. “Ele é queridinho dos mercados por ter um potencial maior que seu oponente para negociar um volume mais robusto de estímulos fiscais”, comenta.

A economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, destaca que, ao longo da sessão, os mercados de países emergentes se mostraram otimistas com a possibilidade de o candidato democrata ser eleito. “Estamos vendo alguns estados considerados ‘chave’ dando vitória ao Biden. Mas as incertezas ficam mesmo com a possível judicialização da eleição”, avalia.

À tarde, a campanha do presidente Donald Trump entrou com uma ação judicial para impedir a contagem dos votos em Michigan, alegando que foi negado o acesso aos locais de contagem no estado. Há pouco, a agência Associated Press (AP) noticiou que, agora, a campanha de Trump mira a Pensilvânia, onde também tenta impedir a apuração dos votos sob a alegação de falta de transparência.

Hoje, saíram os dados de emprego no setor privado dos Estados Unidos, com a criação de 365 mil vagas em outubro, ante expectativa de abertura de 600 mil vagas. O indicador é uma prévia do relatório de emprego do país, o payroll.

Para a economista da Veedha, nos últimos dias, a agenda de indicadores tem ficado em segundo plano diante a corrida eleitoral. Ela reforça que esses últimos dados não têm mostrando o “real cenário” das economias que voltaram a ser impactadas pela segunda onda de covid-19.

Amanhã, além do mercado se voltar às eleições norte-americanas, tem a decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), o destaque da agenda de indicadores. “É bom não esperar muita coisa do Fed neste momento, em meio à eleição. Eles não devem mudar a postura e podemos até esperar que essa decisão fique em segundo plano a depender da apuração dos votos por lá”, pondera Abdelmalack.

As taxas dos contratos de juros futuros (DIs) encerraram a sessão em queda, mantendo a trajetória vista desde a abertura do pregão, sob influência do recuo acentuado do dólar, que já se aproxima da marca de R$ 5,65, e também da alta acelerada das bolsas. Os investidores antecipam uma vitória do democrata Joe Biden na corrida presidencial, o que favoreceria estímulos adicionais nos Estados Unidos, relegando o cenário eleitoral ainda indefinido e os riscos fiscais no Brasil.

Ao final da sessão regular, o DI para janeiro de 2022 ficou com taxa de 3,46%, de 3,53% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 terminou projetando taxa de 5,06%, de 5,19% após o ajuste ontem; o DI para janeiro de 2025 encerrou em 6,76%, de 6,92%; e o DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 7,55%, de 7,69%, na mesma comparação.

Embalados pelos ganhos do setor de tecnologia, os principais índices do mercado de ações norte-americano terminaram o dia em forte alta, após renovarem recordes intradiários, em um momento no qual o resultado da eleição presidencial nos Estados Unidos segue indefinido.

Confira a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos no fechamento:

Dow Jones: +1,34%, 28.847,66 pontos

Nasdaq Composto: +3,85%, 11.590,78 pontos

S&P 500: +2,20%, 3.443,44 pontos